
Aqui em Minas, a coisa tá feia. Tão feia que dá até um frio na espinha. Imagine só: você depende de um remédio pra controlar uma condição neurológica séria — daquelas que uma simples crise pode levar à morte — e do nada... o sumiço. Some tudo. Some das farmácias, some dos postos de saúde, some do estoque.
Pois é. Essa é a realidade cruel que centenas, talvez milhares de pacientes epilépticos mineiros enfrentam desde a última semana. Não é exagero — é desespero puro, do tipo que faz mãe chorar no balcão da farmácia depois da quinta tentativa frustrada.
O que sumiu exatamente?
Os principais medicamentos afetados são:
- Fenitoína — um anticonvulsivante clássico, vital pra controle de crises generalizadas
- Ácido Valproico — outro essencial, sumiu de circulação em várias dosagens
- Carbamazepina — alternativa terapêutica que também entrou em falta
Sem esses remédios, o risco é direto: crises convulsivas incontroláveis, danos neurológicos permanentes e, nos casos mais extremos, óbito. Não tem meio termo.
E o SUS? E o governo?
A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais emitiu um comunicado — daqueles cheios de juridiquês — dizendo que "está ciente do problema e busca alternativas com o Ministério da Saúde". Mas entre o discurso oficial e a prateleira vazia, existe um abismo. Um abismo cheio de gente assustada.
Algumas unidades de saúde tentam improvisar com medicamentos similares, mas aí surge outro problema: muitos pacientes têm organismos já ajustados a fórmulas específicas. Trocar às pressas pode ser tão perigoso quanto ficar sem.
Ah, e tem mais: mesmo quem pode pagar particular tá sofrendo. Someu das farmácias privadas também. Virou uma caça ao tesouro — só que o tesouro é um frasco de comprimidos que deveria ser direito básico.
O que fazer então?
Pacientes e familiares relatam uma peregrinação angustiante. Ligam de farmácia em farmácia, rodam cidades, apelam em grupos de redes sociais. Enquanto isso, o relógio biológico corre. Cada hora sem medicação é roleta-russa.
Algumas associações de pacientes começaram a organizar doações internas — quem tem um pouco mais divide com quem já zerou totalmente. Gestos de solidariedade lindos, mas que mostram o tamanho do fracasso do sistema.
O pior? Ninguém sabe ao certo quando volta ao normal. Os prazos variam de "alguns dias" a "semanas", dependendo de quem você pergunta. Enquanto isso, Minas Gerais segura a respiração. Ou melhor, segura as crises.
É pra chorar? É. É pra ter raiva? Também. Mas principalmente, é pra pressionar. Porque saúde não é mercadoria — é vida. E vida não deveria depender de estoque.