Impasse no CHS continua após denúncia sobre falta de médicos
O Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS) enfrenta uma situação delicada após uma denúncia sobre a falta de médicos na maternidade no último dia 6 de novembro. O diretor da unidade, Bruno Toldo, se manifestou publicamente nesta terça-feira (11) para esclarecer os fatos e garantir que o atendimento não foi prejudicado.
Diretor do CHS responde às acusações
Em entrevista exclusiva à TV TEM, Bruno Toldo afirmou categoricamente que as escalas médicas estão completas e que o serviço funciona normalmente. No entanto, reconheceu que houve uma falha pontual envolvendo profissionais de uma empresa terceirizada na ala de obstetrícia.
"Todas as escalas médicas do CHS são um desafio para manter completas, pelo perfil de profissional que a gente precisa na unidade", explicou o diretor. "Somos referência de alta complexidade em diversas especialidades, para 48 municípios, então não é uma escala fácil, é difícil, mas a gente consegue sanar isso".
Denúncia da médica gera repercussão
A crise ganhou proporções maiores após uma médica registrar um boletim de ocorrência denunciando condições precárias de trabalho. Segundo a profissional, ela teria realizado um plantio de 12 horas completamente sozinha, sem outro médico para receber pacientes.
Na denúncia, a médica detalhou que o setor de ginecologia e obstetrícia do CHS conta com:
- 31 leitos para maternidade de alto risco
- Três leitos de pré-parto ocupados no dia 6
- Quatro leitos de recuperação com pacientes
A situação se agravou porque a empresa terceirizada responsável pela contratação de equipes obstétricas comunicou sua saída com 60 dias de antecedência, deixando o hospital em situação vulnerável.
Atendimentos realizados e investigação
Bruno Toldo foi enfático ao afirmar que nenhum paciente deixou de ser atendido no dia mencionado na denúncia. Conforme os registros do hospital, nove atendimentos obstétricos foram realizados, além de um parto normal conduzido por uma enfermeira obstétrica com apoio de residentes.
"O atendimento nunca é prejudicado, porque o escopo mínimo para atender as necessidades nunca foi violado", garantiu o diretor.
Entretanto, uma paciente que preferiu não se identificar relatou ter enfrentado negligência durante o parto de suas gêmeas na quinta-feira (6). Ela afirmou que, mesmo com uma gravidez de risco, demorou para receber atendimento adequado. Diante deste relato, o diretor comunicou que abrirá uma sindicância interna para apurar os fatos.
Órgãos fiscalizadores em ação
A médica que formalizou a denúncia não se limitou ao boletim de ocorrência. Ela também acionou:
- Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp)
- Secretaria Estadual de Saúde
- Direção do hospital
- Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde (Cross)
O Cremesp já se pronunciou, informando que o caso está sendo acompanhado pela Comissão de Defesa das Prerrogativas Médicas, que está tomando as providências cabíveis através de fiscalização e apuração dos fatos.
Já a Secretaria de Estado da Saúde (SES) confirmou que instaurou uma apuração oficial para averiguar todas as denúncias apresentadas pela profissional.
Contexto do CHS na região
O Conjunto Hospitalar de Sorocaba é administrado pelo Serviço Social da Construção (Seconci-SP) e representa uma referência em saúde pública para toda a região. Os números comprovam sua importância: somente este ano, 1.333 mulheres passaram por partos de alto risco na unidade.
Bruno Toldo reconheceu a dificuldade constante em manter profissionais especializados: "A dificuldade tem, ela é contínua, porque é um hospital público que tem um perfil de trabalho, e as pessoas (médicos) se interessam mais pelo mercado privado, consultórios, onde podem trabalhar de outras formas".
O diretor finalizou reforçando que, a partir desta terça-feira (11), as escalas estão completas e não haverá mais ausências de médicos, garantindo o funcionamento pleno da maternidade.
