Centro de Saúde em BH vira 'fantasma': moradores revoltados com falta de médicos e abandono
Centro de Saúde em BH abandonado: falta médicos e estrutura

Não é exagero dizer que o lugar parece ter sido esquecido pelo poder público. Na região noroeste de Belo Horizonte, um centro de saúde que deveria ser sinônimo de acolhimento virou símbolo de descaso. As paredes descascadas e o chão sujo são só o começo do problema.

"Chego às 6h da manhã pra tentar ser atendido. Às vezes volto pra casa sem nem passar pela triagem", desabafa um aposentado de 68 anos, que prefere não se identificar — com medo de represálias, claro. A fila? Uma verdadeira via-crúcis. E olha que estamos falando de gente com diabetes, hipertensão, problemas sérios de saúde.

O retrato da negligência

Dá pra contar nos dedos os dias em que tem médico disponível. Quando tem, são poucas horas de atendimento. Os moradores fazem piadas amargas: "Aqui é loteria. Se você pegar dia de consulta, pode jogar na Mega-Sena".

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E tem mais: a última reforma foi feita na época em que o real ainda era chamado de cruzeiro. Não, não estou exagerando. As cadeiras da recepção têm mais buracos que queijo suíço, e o cheiro de mofo disputa espaço com o de desespero.

O que diz a prefeitura?

Ah, a prefeitura! Quando questionada, soltou aquela resposta padrão — sabe como é, né? — sobre "encontrar soluções" e "priorizar a saúde". Enquanto isso, na vida real, as mães carregam crianças com febre de um posto a outro, feito peregrinas modernas.

Uma enfermeira, que pediu pra não ter o nome revelado, confessou: "A gente se sente impotente. Quer ajudar, mas falta tudo. Até luvas já acabaram". Dá pra acreditar?

O pior é que essa não é a única unidade nessa situação. Parece epidemia de abandono. E os números não mentem: só neste ano, as reclamações sobre esse centro específico aumentaram 230%. Alguém duvida?