
Números que dão arrepios. Em Porto Alegre, a cada três mortes prematuras por câncer, uma tem relação direta com o aparelho digestivo — e o vilão principal é, sem dúvida, o tumor colorretal. Os dados, fresquinhos do último levantamento, mostram uma realidade que muitos preferem ignorar até sentir a primeira dor.
Não é exagero dizer que estamos diante de uma epidemia silenciosa. Enquanto todo mundo se preocupa com acidentes ou doenças cardíacas (e com razão!), esses tumores vão minando vidas sem alarde. O pior? Muitos casos poderiam ser evitados com ações simples — mas aí já é outra história.
Por que o intestino virou alvo?
Médicos apontam o dedo para nosso estilo de vida moderno, que parece ter sido criado para destruir o sistema digestivo:
- Dieta pobre em fibras e rica em processados (sim, aquele hambúrguer de drive-thru conta)
- Sedentarismo — o sofá que nos chama depois de 8 horas sentados no trabalho
- Excesso de álcool e tabaco, velhos conhecidos de quem gosta de "curtir a vida"
"É como se estivéssemos cavando nossa própria cova com garfo e faca", brinca (sem graça) um oncologista que prefere não se identificar. A piada macabra esconde uma verdade dura: 40% desses cânceres poderiam ser evitados com mudanças básicas.
Sinais que muitos ignoram
Ah, o corpo humano — sempre dando sinais que a gente teima em não ver. Sangue nas fezes? "Deve ser hemorroida." Mudança no hábito intestinal? "Stress do trabalho." Perda de peso sem motivo? "Finalmente emagrecendo!"
O problema é que quando os sintomas ficam óbvios demais para ignorar, muitas vezes o tumor já está em estágio avançado. E aí o tratamento vira uma via-crúcis de quimioterapia, radioterapia e cirurgias invasivas.
Prevenção: a saída que ninguém quer ouvir
Aqui vai a parte chata, mas necessária:
- Exames periódicos depois dos 45 anos (sim, mesmo se você se acha saudável)
- Alimentação rica em fibras — e não, pão integral não conta se vem cheio de conservantes
- Atividade física regular (30 minutos por dia já fazem diferença)
- Redução no consumo de carne vermelha processada (salsicha, eu estou olhando para você)
"Mas eu não tenho tempo", você pensa. Pois é, até o dia em que precisa arrumar tempo para fazer tratamento. A ironia não escapa aos profissionais de saúde, que veem diariamente pacientes arrependidos por terem adiado a prevenção.
Porto Alegre tem serviços de referência no tratamento — o que é ótimo. Mas seria ainda melhor se menos pessoas precisassem deles. Fica a reflexão (e o convite para marcar aquele exame que você está adiando há meses).