Despedida emocionante: Brasiliense que recebeu 5 órgãos em único transplante é homenageado
Brasiliense recebe 5 órgãos e inspira milhares

O silêncio no cemitério Campo da Esperança, em Brasília, era quebrado apenas pelos soluços contidos. Na tarde desta segunda-feira, amigos, parentes e até pessoas que nunca haviam conhecido Luiz Perillo pessoalmente se reuniram para uma despedida que parecia injusta. Aos 38 anos, ele partiu, mas deixou um legado que poucos conseguem construir em uma vida inteira.

Quem olhava para aquela cena dificilmente imaginaria o que Luiz havia enfrentado nos últimos anos. O brasiliense — nossa! — fez parte de uma estatística raríssima na medicina brasileira. Em 2022, ele recebeu nada menos que cinco órgãos de um único doador: coração, fígado, pâncreas e dois rins. Um feito que até hoje é estudado nos corredores dos hospitais.

Uma batalha silenciosa

A história de Luiz começou muito antes daquela cirurgia histórica. Diagnosticado com uma doença renal crônica, ele enfrentou anos de hemodiálise. Três vezes por semana, durante quatro horas por sessão. Uma rotina desgastante que, no entanto, nunca apagou seu sorriso característico.

"Ele era assim mesmo nos dias mais difíceis", conta uma prima que preferiu não se identificar. "Sempre com um palavra de esperança, sempre acreditando que tudo ia melhorar."

O milagre que veio de um gesto de amor

Quando finalmente chegou a notícia de que havia um doador compatível, a emoção na família foi seguida de apreensão. Cinco órgãos? Na mesma cirurgia? Os riscos eram enormes, mas a equipe médica do Hospital de Base — esses verdadeiros heróis de jaleco branco — estava confiante.

A cirurgia, que durou mais de 12 horas, entrou para os anais da medicina nacional. E Luiz? Bem, Luiz se recuperou de maneira que surpreendeu até os mais otimistas. Voltou a trabalhar, a sair com amigos, a viver.

Não foi fácil, claro. Os medicamentos imunossupressores tinham efeitos colaterais severos. As visitas ao hospital continuaram frequentes. Mas ele estava vivo — e vivendo, que é o que realmente importa.

O adeus que não é o fim

Na capela do cemitério, as lembranças se misturavam às lágrimas. "Ele me ensinou que coragem não é a ausência do medo, mas a decisão de seguir em frente apesar dele", compartilhou um amigo de longa data.

Outro detalhe que emocionou a todos: a família de Luiz fez questão de destacar a importância da doação de órgãos. "Se hoje conseguimos tê-lo conosco por mais três anos, foi porque alguém, em meio à própria dor, pensou no próximo", disse uma tia, com a voz embargada.

E é assim que a história de Luiz Perillo não termina aqui. Sua jornada — marcada por resiliência, esperança e uma fé inabalável na vida — continua a inspirar. Continua a lembrar a todos nós que cada gesto de generosidade, por menor que pareça, pode transformar realidades.

O Brasil perdeu um guerreiro, mas ganhou um exemplo eterno. E talvez, no fim das contas, seja isso que realmente importe.