Alergias alimentares crescem 46% em Campinas; veja causas e cuidados
Alergias alimentares aumentam 46% em Campinas

Alergias alimentares registram aumento alarmante em Campinas

Os casos de alergias alimentares na região de Campinas apresentaram um crescimento significativo neste ano. Entre janeiro e agosto de 2025, o Departamento Regional de Saúde (DRS) de Campinas registrou 8.738 atendimentos por reações alérgicas a alimentos, representando um aumento de 46% em comparação com o mesmo período de 2024, quando foram contabilizados 5.979 casos.

Diferença crucial: alergia versus intolerância

Muitas pessoas confundem alergia alimentar com intolerância, mas são condições completamente diferentes. De acordo com a Sociedade Brasileira de Alergia e Imunologia, as alergias alimentares são reações exageradas do sistema imunológico a substâncias presentes nos alimentos.

Já a intolerância à lactose, por exemplo, é uma desordem metabólica onde a ausência da enzima lactase no intestino impede a digestão adequada do açúcar do leite. Enquanto a intolerância geralmente causa sintomas como inchaço abdominal e diarreia, a alergia alimentar pode envolver reações na pele, sistema gastrointestinal ou respiratório, podendo chegar a casos graves que comprometem múltiplos órgãos.

História real: a batalha diária de João Francisco

João Francisco, de apenas 3 anos, vive uma rotina marcada por restrições alimentares desde seu primeiro ano de vida. Seu pai, João Garcia, relata que o menino possui alergia a kiwi e amendoim, apresentando reações graves na pele e na respiração quando entra em contato com esses alimentos.

"Quando ele está na escola, carrega um kit com adrenalina, corticóide e uma bombinha respiratória", explica o pai. A família precisa ter cuidado redobrado em ambientes com muita comida, como festas de aniversário, devido ao risco de contaminação cruzada.

Os pais de João buscaram a dessensibilização como tratamento, um processo imunológico que consiste na exposição controlada a pequenas quantidades do alimento alergênico. "Continuamos nessa batalha para que ele tenha uma vida mais livre", desabafa João Garcia.

Fatores por trás do aumento dos casos

A alergista e imunologista da Unicamp, Caroline Rosa, explica que o crescimento das alergias alimentares está relacionado a fatores genéticos e ambientais. Entre 50% e 70% dos pacientes com alergia alimentar têm histórico familiar da condição. Quando ambos os pais são alérgicos, a probabilidade de terem filhos alérgicos chega a 75%.

Porém, segundo a especialista, os fatores ambientais são os principais responsáveis pelo aumento recente dos casos. "A mudança no nosso estilo de vida, com urbanização, alterações climáticas e aumento de ultraprocessados na dieta tem relação íntima com o aparecimento da alergia alimentar", afirma Caroline.

A médica também cita a interrupção precoce do aleitamento materno e o uso indiscriminado de antibióticos em crianças como fatores que podem predispor ao desenvolvimento de alergias alimentares.

Orientações para quem suspeita de alergia alimentar

As alergias alimentares se manifestam de diversas formas, portanto a orientação médica é que pacientes busquem avaliação com um imunologista para identificar o mecanismo imunológico causador do problema. O diagnóstico preciso é fundamental para estabelecer o tratamento adequado e evitar complicações graves.