
Quem diria que as canções de uma das bandas mais icônicas do rock brasileiro seriam a tábua de salvação para uma atleta em coma? Pois é exatamente isso que aconteceu com Luisa Baptista, uma triatleta de 27 anos que transformou sua luta pela vida numa verdadeira lição de superação.
A história começou de forma brutal - um acidente de trânsito em São Carlos que deixou a atleta entre a vida e a morte. Os médicos não davam muitas esperanças, mas esqueceram de contar com a força de vontade de uma mulher acostumada a vencer desafios extremos.
Os primeiros sinais
Quando finalmente despertou do coma, Luisa estava presa dentro do próprio corpo. Incapaz de falar ou se mover, encontrou uma forma peculiar de comunicação: piscava os olhos. Sim, algo tão simples quanto piscar tornou-se sua única forma de expressão.
"Foi desesperador no início", contou uma das enfermeiras que acompanhou seu caso. "Mas a gente percebeu que cada piscada tinha um significado. Ela criou um código próprio conosco."
A descoberta musical
E então veio o momento mágico. Alguém - nem se lembra mais quem - colocou para tocar "Tempo Perdido" da Legião Urbana. E algo extraordinário aconteceu: os olhos de Luisa se iluminaram de uma forma diferente. As pupilas se dilataram, as piscadas ficaram mais rápidas, mais vivas.
Renato Russo, aquele poeta maldito que tanto falou sobre dor e esperança, estava abrindo portas na mente da atleta. Quem poderia imaginar?
A rotina de recuperação
A partir daí, estabeleceu-se uma rotina quase religiosa:
- Sessões de fisioterapia ao som de "Pais e Filhos"
- Exercícios respiratórios acompanhados por "Faroeste Caboclo"
- E aqueles momentos mais difíceis, onde "Que País É Este" dava o tom da revolta necessária para seguir em frente
Os terapeutas notaram progressos impressionantes. A música funcionava como uma espécie de combustível emocional, ativando áreas do cérebro que pareciam adormecidas.
O caminho de volta
Hoje, meses depois do acidente, Luisa ainda enfrenta desafios enormes. Mas já consegue mover os braços, articula algumas palavras e - pasmem - até canta baixinho os refrões da banda que a ajudou a voltar à vida.
"É uma lição de humildade para nós, profissionais da saúde", reflete um dos médicos. "Às vezes, a cura não está apenas nos remédios de última geração, mas nas coisas simples que tocam a alma."
A família criou uma espécie de ritual: toda vez que Luisa atinge uma nova conquista na recuperação, eles tocam "Ainda É Cedo" - aquela música cheia de esperança que parece feita sob medida para sua jornada.
E sabe qual é a parte mais bonita dessa história? A triatleta, que antes só pensava em competições e medalhas, agora descobriu que sua maior vitória não está em nenhum pódio, mas em cada movimento reconquistado, cada palavra reaprendida.
Quem vê essa mulher guerreira hoje, lutando com todas as forças para recuperar sua vida, dificilmente imagina que por trás de cada progresso há os acordes melancólicos e poéticos do Legião Urbana. Como bem diz uma das músicas da banda: "Há tempos a vida não me sorria". Mas para Luisa, o sorriso - ainda que tímido - está voltando.