
Imagine ter que entrar na justiça para conseguir algo básico: o direito de sua filha respirar sem dor. É exatamente nessa situação surreal que se encontra Maria (nome fictício, porque até a dignidade precisa de anonimato às vezes), uma mãe de Porto Velho que está travando uma batalha que nenhuma família deveria enfrentar.
Sua filha, uma garotinha de apenas 11 anos, convive com uma escoliose severa - aquela condição onde a coluna decide formar um "S" em vez de seguir reta. E não é qualquer curvatura, não. Estamos falando de algo que já passa dos 40 graus, um número que assustaria qualquer especialista.
O Sistema Versus a Urgência
O problema, veja bem, não é falta de diagnóstico. Isso eles têm desde 2023. O drama começa quando a menina precisa de coletes ortopédicos específicos - daqueles que não se encontra em qualquer esquina - e o sistema público simplesmente não consegue (ou não quer?) fornecer.
É aquela velha história: a burocracia se arrasta enquanto o corpo da criança não espera. A cada dia sem tratamento adequado, a coluna vai piorando. E aí você se pergunta: quantos formulários precisam ser preenchidos enquanto uma criança sofre?
Uma Corrida Contra o Tempo
O que mais corta o coração nessa história toda é o timing. A menina está justamente na fase de crescimento - entre 10 e 12 anos - que é quando a escoliose mais progride. É como tentar consertar um barco enquanto ele ainda está navegando em águas turbulentas.
Sem o colete adequado, a situação pode evoluir para algo ainda mais grave. Estamos falando de possíveis complicações respiratórias, dores crônicas que ninguém merece viver, especialmente uma criança. E aí a solução pode acabar sendo uma cirurgia de alto risco - exatamente o que todos querem evitar.
O Desespero de Uma Mãe
Maria não é médica, não é advogada. É simplesmente uma mãe. E talvez seja exatamente isso que a torna a pessoa mais qualificada para lutar pela filha. Ela já perdeu as contas de quantas portas bateu, quantos "nãos" ouviu, quantas noites passou em claro imaginando o futuro da menina.
O Ministério Público já entrou na jogada, ajuizou uma ação pedindo que o estado cumpra seu papel. Mas entre o papel judicial e a realidade da menina, existe um abismo que só quem vive na pele conhece.
Enquanto isso, na sala de espera do fórum e dos consultórios, uma criança carrega nas costas não apenas uma coluna em S, mas o peso de um sistema que frequentemente esquece o mais importante: as pessoas.