
Quem diria que por trás daquelas roupas futuristas e do ar de confiança da Posh Spice se escondia uma batalha tão pessoal e dolorosa? Pois é, a verdade vem à tona décadas depois, e confesso que me surpreendeu bastante.
Victoria Beckham, hoje uma estilista de sucesso e mulher de David Beckham, revelou recentemente em seu documentário na Netflix que desenvolveu sérios transtornos alimentares durante o auge da fama com as Spice Girls. E olha, o relato é mais comum do que imaginamos no mundo das celebridades.
O preço da fama instantânea
Lá pelos anos 90, quando as Spice Girls explodiram mundialmente — lembra? —, Victoria tinha apenas 22 anos. Uma garota praticamente, jogada no olho do furacão da fama global. Do dia para a noite, tudo mudou. E como mudou!
"Eu comia muito pouco", admitiu ela, com uma franqueza que raramente vemos em pessoas do seu escalão. "Um prato de vaporizado aqui, outro ali..." A descrição é seca, literalmente. E assustadora.
Quando os holofotes queimam
Imagina só: todos os dias, revistas, jornais, programas de TV analisando cada centímetro do seu corpo. Críticas aqui, piadas acolá. A pressão estética no mundo do entretenimento é uma máquina de triturar almas — e Victoria foi uma das vítimas.
Ela mesma reconhece que estava "muito, muito magra" naquela época. Mas na bolha da fama, a percepção da realidade fica totalmente distorcida. O que parece normal dentro daquele universo é, na verdade, um sinal de alerta gritante.
O despertar doloroso
O que mais me chamou atenção foi como ela descreveu o momento de virada. Ao assistir a imagens antigas de si mesma, Victoria teve um choque de realidade. "Eu não percebi na época o quão magra estava", confessou. É triste, mas é assim que esses transtornos funcionam — a pessoa é a última a perceber.
E sabe o que é pior? Essa luta silenciosa contra a anorexia se arrastou por longos dez anos. Uma década de batalhas internas, de hábitos alimentares desregrados, de uma relação complicadíssima com a comida e com o próprio corpo.
Não era só sobre peso
Victoria deixou claro que seu distúrbio alimentar estava profundamente ligado ao controle. Num mundo onde tudo era decidido por outras pessoas — agendas, roupas, entrevistas —, controlar o que entrava no seu corpo tornou-se sua única forma de autonomia. Faz sentido, não faz?
É uma ironia cruel: quanto mais fama e sucesso ela alcançava, menos controle sentia sobre sua própria vida. E a comida — ou a falta dela — tornou-se seu refúgio tóxico.
O caminho da recuperação
Hoje, felizmente, Victoria parece ter encontrado um lugar mais saudável. Mãe de quatro filhos, empresária bem-sucedida, ela aprendeu a dar menos ouvidos às críticas e opiniões alheias. Mas confessa que ainda luta contra a "vozinha" internalizada daquela época.
"Ainda hoje, quando vejo uma foto de mim mesma, é a primeira coisa em que penso: 'Estou magra o suficiente?'" revela. Essas marcas, parece, nunca desaparecem completamente.
Um alerta necessário
O depoimento de Victoria chega como um lembrete poderoso sobre os custos ocultos da fama — especialmente para mulheres jovens submetidas a padrões estéticos impossíveis. Quantas outras "Posh Spices" existem por aí, sofrendo em silêncio?
É curioso pensar que, enquanto milhões de fãs cantavam "Wannabe" e compravam produtos das Spice Girls, uma das integrantes travava uma guerra particular contra seu próprio corpo. A vida real, como sempre, é bem mais complexa que os holofotes sugerem.