Saúde Mental no Trabalho: Por Que o Assunto Ainda é um Fantasma nas Entrevistas de Emprego?
Saúde mental: tabu em entrevistas de emprego

Parece que estamos em 2024, mas alguns assuntos continuam presos no tempo. A saúde mental, essa velha conhecida de tantos, ainda é tratada como a prima pobre das conversas profissionais. E olha que não é por falta de necessidade - longe disso.

Uma pesquisa recente - dessas que fazem a gente coçar a cabeça e pensar "será?" - revelou algo que muitos já desconfiavam: sete em cada dez profissionais brasileiros simplesmente evitam tocar no assunto durante entrevistas de emprego. É como se existisse uma cortina de silêncio separando o que sentimos do que mostramos no ambiente corporativo.

O que dizem os números

Os dados são claros como água: 70% dos entrevistados confessaram que preferem morder a língua a mencionar qualquer questão relacionada à saúde psicológica. E não é difícil entender o porquê - o fantasma do preconceito ainda ronda as salas de reunião.

Mais da metade desses profissionais (55%, para ser exato) acreditam, de verdade, que falar sobre ansiedade, depressão ou simplesmente sobre o cansaço mental pode fechar portas. É como se existisse um código não escrito: "mostre apenas seu lado super-herói".

Do outro lado da mesa

Agora, se você pensa que o problema está só nos candidatos, prepare-se para uma surpresa. Os recrutadores também dançam nessa corda bamba. Muitos confessam, em off, que não se sentem preparados para lidar com o tema. Não é falta de vontade - é falta de repertório mesmo.

E tem mais: 62% dos entrevistadores admitem que raramente ou nunca abordam o assunto espontaneamente. Fica aquele clima estranho, como se todos soubessem que o elefante está na sala, mas ninguém quer ser o primeiro a apontar.

O preço do silêncio

O que me preocupa - e muito - é o custo humano dessa omissão coletiva. Pessoas entram em empresas fingindo ser o que não são, escondendo lutas que são completamente normais. E no final, todo mundo perde: o profissional, que se desgasta tentando manter a máscara, e a empresa, que não consegue oferecer o apoio necessário.

É aquela velha história: como vamos criar ambientes de trabalho saudáveis se nem conseguimos falar sobre o que realmente importa?

Mudança a caminho?

Mas nem tudo são trevas. Um sopro de esperança vem das gerações mais jovens. Os millennials e a geração Z estão chegando com uma postura diferente - mais aberta, mais autêntica. Eles questionam, querem saber como as empresas lidam com a saúde mental antes mesmo de aceitar uma proposta.

É como se estivessem riscando as regras antigas e escrevendo novas. E talvez seja exatamente disso que precisamos: uma boa dose de coragem para falar do que dói, do que cansa, do que é humano.

No fim das contas, saúde mental não é detalhe - é requisito básico para qualquer trabalho decente. E até quando vamos fingir que não é?