Como a gratidão transforma o cérebro e combate o medo, por Luana Marques
Gratidão acalma o cérebro e reduz medo, explica psicóloga

A psicóloga brasileira Luana Marques, professora da Universidade de Harvard, compartilha uma revelação pessoal e científica sobre como transformar o medo paralisante em força motriz através da gratidão. Em sua coluna publicada em 28 de novembro de 2025, ela desvenda os mecanismos cerebrais que tornam a gratidão uma ferramenta poderosa contra a ansiedade.

O medo que quase impediu uma trajetória

Luana Marques confessa que, ao iniciar sua coluna, foi dominada por um medo profundo que questionava sua relevância após anos fora do Brasil. "Será que seu conteúdo ainda é relevante? Será que você é boa o suficiente?", eram as perguntas que ecoavam em sua mente. Ela reconhece que esse processo é biológico: o cérebro humano naturalmente gera histórias de ameaça quando confrontado com novidades.

Segundo a psicóloga, esse mecanismo segue uma fórmula que ela ensina há mais de 20 anos em Harvard: medo → ameaça → evitação. Quando o cérebro detecta um risco, mesmo que imaginário, ele ativa três respostas possíveis: fugir (recuar), reagir excessivamente ou congelar. No seu caso, ela estava no modo "reagir", buscando evitar escrever, errar e se expor.

A neurociência da gratidão como antídoto

O que salvou Luana da paralisia foi justamente a ciência que estuda. Em vez de ceder ao medo, ela decidiu usá-lo como combustível. Ao clicar em "enviar" no primeiro texto com mãos trêmulas, deu início a um processo transformador que seria comprovado pelas respostas dos leitores.

Aqui entra a descoberta neurocientífica crucial: pesquisas de sua colega de Harvard, Jennifer Lerner, demonstram que a gratidão altera fisicamente a forma como o cérebro percebe o mundo. Ela reduz a impulsividade, amplia a perspectiva e ativa circuitos neurais que diminuem o estresse.

"Gratidão literalmente acalma o cérebro", afirma Luana. Cada mensagem de agradecimento que recebia dos leitores funcionava como uma microdosagem de gratidão que diminuía seu medo e enfraquecia a evitação.

Um exercício prático de transformação

Enquanto muitos se envolvem nas compras de Black Friday, Luana propõe um ritual diferente: parar, respirar e refletir sobre três motivos de gratidão. Ela incentiva os leitores a observarem como seus corpos reagem a esse exercício, notando se o medo diminui pelo menos 1% e se a respiração flui melhor.

A psicóloga enfatiza que a gratidão não é apenas um sentimento bonito, mas uma ferramenta reguladora do cérebro que nos tira do piloto automático, reduz o medo e enfraquece a tendência de evitar desafios. Ela nos lembra que, mesmo diante da incerteza, existe algo sólido sob nossos pés.

Luana finaliza expressando sua profunda gratidão pelos leitores que permitem que ela compartilhe vulnerabilidades e conhecimentos. Para ela, escrever movida por valores representa o maior presente, demonstrando na prática como é possível viver com ousadia mesmo quando o medo insiste em aparecer.