
Imagine segurar no colo um bebê de dois anos com febre de 40°C e perceber que algo está terrivelmente errado. Foi assim que começou o pesadelo de Ana Cláudia*, mãe de Lucas, hoje com 7 anos — um sobrevivente da meningite bacteriana que deixou médicos em choque.
— Quando os olhos dele viraram vidro e o pescoço travou, meu mundo desabou — lembra, com a voz embargada, enquanto o Paraná emite um alerta inédito sobre o surto da doença em 2025.
O milagre que ninguém esperava
Naquela noite de 2023, no hospital de Cascavel, os médicos deram 48 horas de vida para Lucas. A meningococcemia (sim, aquela versão assassina da doença) já espalhava manchas roxas pelo corpinho. Mas alguém lá em cima tinha outros planos.
— Até hoje não entendemos como ele saiu andando da UTI depois de 28 dias — conta o pai, José*, mostrando as cicatrizes que viraram "mapa da guerra" no braço do garoto.
Alerta 2025: o que está acontecendo?
Enquanto isso, a Secretaria de Saúde do Paraná registrou um aumento de 60% nos casos em relação a 2024. Especialistas arriscam algumas teorias:
- Queda na cobertura vacinal pós-pandemia
- Circulação de novas cepas bacterianas
- Mudanças climáticas atípicas na região
"É como se tivéssemos esquecido que essa doença existe", dispara Dra. Renata Ortiz, infectologista que atendeu Lucas. Ela não erra — a meningite sumiu dos noticiários, mas não dos hospitais.
Sinais que salvam vidas
Ana quase perdeu a janela crucial. Hoje, ensina outros pais a reconhecerem os sintomas:
- Febre alta repentina (e não baixa com remédios comuns)
- Rigidez na nuca — teste do beijo: criança não consegue encostar o queixo no peito
- Manchas na pele que não desaparecem ao pressionar (o famoso "teste do copo")
— Se eu soubesse disso antes... — ela suspira, rodando o copo descartável que agora carrega na bolsa como lembrança amarga.
Vacinação: a polêmica silenciosa
Enquanto redes sociais discutem política, uma geração de pais deixou de vacinar os filhos contra meningite. A cobertura da pentavalente caiu para 67% no estado — patamar perigoso.
"Temos estoques sobrando nos postos", alerta o secretário Beto Preto, mostrando dados que dariam um thriller médico: 23 casos confirmados só em julho, 5 mortes.
No meio dessa tempestade sanitária, Lucas — agora um garoto que adora dinossauros e videogame — é a prova viva de que meningite tem cura. Mas, como diz Ana entre lágrimas: "Ninguém deveria precisar de milagres quando temos vacinas na geladeira".
*Nomes alterados a pedido da família