
O silêncio no cemitério de Betim, na Grande BH, era pesado como chumbo. Flores brancas — algumas ainda com gotas de orvalho — cobriam o pequeno caixão. Uma cena que nenhum pai deveria testemunhar. Maria (nome fictício), de apenas 12 anos, teve seu último adeus na tarde desta segunda-feira (15), após complicações devastadoras no parto.
Segundo fontes próximas à família, a menina — que mal havia completado o ensino fundamental — chegou ao hospital já em trabalho de parto avançado. "Ela não sabia nem amarrar o cadarço sozinha, quem dirá entender o que estava acontecendo com seu corpo", desabafou uma vizinha, esfregando as mãos nervosamente.
Falhas na assistência?
O caso levantou poeira na cidade. Especialistas ouvidos pelo R7 apontam que gestações precoces exigem acompanhamento especializado — algo que, pelos relatos, faltou nessa história. "É como colocar um motor de Ferrari num fusca", comparou um ginecologista, pedindo anonimato.
- A menina não tinha registro de pré-natal completo
- Autoridades investigam possível negligência familiar
- Conselho Tutelar foi acionado para apurar circunstâncias
Na saída do velório, a mãe — ela mesma ainda jovem — parecia ter envelhecido décadas em dias. "Minha princesa virou estrela cedo demais", soluçava, segurando uma foto da filha vestida de bailarina. A cena arrancou lágrimas até dos agentes funerários mais experientes.
Alerta social
Enquanto isso, nas redes sociais, o caso virou combustível para debates acalorados. De um lado, os que culpam a falta de educação sexual. Do outro, quem aponta falhas gritantes na rede de proteção à infância. "Isso aqui não é caso isolado, é sintoma de um sistema doente", disparou uma assistente social em post viral.
O sol já se punha quando a última pá de terra cobriu o túmulo. Na lápide provisória, apenas uma inscrição simples: "Voou leve demais". A delegacia de Betim prometeu agilidade nas investigações — mas, para a família, nenhuma resposta trará de volta os olhos brilhantes que mal tiveram tempo de conhecer o mundo.