Uma jovem de 22 anos residente em Itapetininga, no interior de São Paulo, viveu uma experiência extraordinária ao dar à luz gêmeas através de um parto empelicado, considerado um fenômeno raro na medicina obstétrica. O nascimento ocorreu no Conjunto Hospitalar de Sorocaba no dia 6 de outubro, marcando a vida da mãe e da equipe médica.
O momento do nascimento das gêmeas
Sara Felix relata que todos ficaram impressionados ao ver suas filhas, Maitê e Alice, ainda envolvidas pela bolsa amniótica intacta no momento do parto. "As meninas disseram na hora que era um caso muito, mas muito raro mesmo. Elas nasceram bonitinhas, normalmente, mas uma delas acabou tendo insuficiência respiratória", conta a mãe.
A pequena Maitê precisou de assistência respiratória imediata após o nascimento. "Ela foi para os aparelhos e demorou bastante tempo para voltar", relembra Sara, descrevendo os momentos de tensão que viveu.
Complicações pós-parto e recuperação
As complicações não pararam por aí. Uma das gêmeas apresentou queda de temperatura corporal, exigindo cuidados especiais da equipe médica. "Não me lembro exatamente quanto tempo durou, mas foram alguns minutos até ela se estabilizar. Fiquei radiante ao vê-la bem", emociona-se a mãe.
Atualmente, Maitê permanece sob observação médica por conta do "amarelão", termo popular para descrever o excesso de bilirrubina na pele. "Ela teve uma leve alteração na pigmentação amarela da pele e, por conta disso, está no 'banho de luz'. Também estamos aguardando ela ganhar uns quilos para levá-la para casa. Atualmente, ela está pesando só 1,8 kg", explica Sara.
Gestação desafiadora e desfecho feliz
O período de gravidez foi marcado por desafios significativos para Sara. Ela enfrentou diabetes gestacional durante a gestação, mas conseguiu controlar a condição com acompanhamento médico adequado. "Minha gestação foi um pouco complicada, mas nada fora de controle. Tudo foi ajustado com boa alimentação", relata.
Nos estágios finais da gravidez, a jovem mãe enfrentou dificuldades para controlar a hipoglicemia, sinal de que a placenta não estava mais fornecendo nutrientes suficientes para os bebês. "Isso foi bastante preocupante", reconhece.
Mesmo com todos os desafios, Sara celebra o desfecho feliz. "A sensação de alívio é a melhor coisa que existe. Eu só esperava que ela conseguisse respirar e, graças a Deus, tudo está bem tranquilo agora. Elas são uma dádiva", finaliza, radiante.
Especialista explica o parto empelicado
O obstetra Rodrigo Camargo, de Jundiaí (SP), esclarece que o parto empelicado é indicado em situações específicas, principalmente em gestações de alto risco. "O termo 'empelicado' se refere a 'bolsa das águas'. Quando a grávida anuncia que a bolsa rompeu, significa que ela está perdendo líquido amniótico por essa ruptura. O parto empelicado é o processo inverso, de você tentar fazer com que nasça sem rompimento algum", explica o especialista.
Rodrigo destaca que esta técnica também é indicada para nascimentos extremamente prematuros, com recém-nascidos pesando entre 700 e 900 gramas, e representa uma das abordagens mais seguras quando a mãe é soropositiva.
"Eu já fiz diversos partos empelicados em que sai o 'ovo' completo, ou seja, a placenta, a membrana, o cordão umbilical e o 'artista' que está ali dentro. Muitas pessoas questionam se esse tipo de procedimento é perigoso, mas é tão rápido que nem dá tempo de acontecer algo negativo", tranquiliza o médico.