
Quem vê aquela multidão de mulheres vestidas de rosa chegando ao Santuário Nacional nem imagina a batalha que cada uma carrega na alma. E não, não é exagero dizer isso. São histórias de dor, medo, mas principalmente de uma coragem que vem do fundo do peito - literalmente.
Três longos dias caminhando sob sol e poeira. Perna cansada, mas o coração leve. É assim que mais de 200 guerreiras - porque chamar apenas de "mulheres" parece pouco - completaram nesta terça-feira uma romaria que é muito mais que uma simples caminhada religiosa.
Uma jornada que vai além dos quilômetros
Parece clichê, eu sei. Mas quando você para pra ouvir as histórias, percebe que cada passo dado nessas estradas vale por mil palavras não ditas. "A gente vem agradecer pela vida, pela força pra continuar", me contou uma senhora de uns 60 anos, com os olhos cheios d'água mas um sorriso que iluminava tudo ao redor.
E pensar que tudo começou lá em Potim, numa sexta-feira dessas que parecem comuns, mas que pra elas significava o início de mais um capítulo de superação. Três dias, gente! Três dias caminhando, rezando, compartilhando dores e esperanças.
O rosa que não é só cor, é identidade
As camisetas cor-de-rosa, aquelas que viraram símbolo mundial da luta contra o câncer de mama, tomavam conta do santuário. E cada uma daquelas cores representava uma batalha diferente: algumas ainda em tratamento, outras já curadas há anos, mas todas com aquela marca indelével que a doença deixa na vida de uma mulher.
"A gente se encontra nas ruas, nos postos de saúde, nos hospitais", comentou uma participante enquanto ajustava o lenço na cabeça. "Mas aqui é diferente. Aqui a gente se encontra na fé."
E não é que ela tem razão? A romaria, que já vai na sua 12ª edição - impressionante, né? -, virou esse ponto de encontro anual onde o que importa não é o que te falta, mas o que você conquistou.
Chegada emocionante
A cena era de cortar o coração. Quando o grupo finalmente avistou as torres do santuário, parece que uma energia diferente tomou conta de todo mundo. Uns choravam, outros abraçavam, muitos simplesmente paravam e olhavam, como se estivessem vendo não apenas uma construção, mas o símbolo de que tinham conseguido mais uma vez.
E aí você para e pensa: será que a gente valoriza mesmo a nossa saúde? Essas mulheres, com suas histórias de quimioterapia, radioterapia, cirurgias, nos dão uma aula de gratidão a cada ano.
A romaria, organizada pela Pastoral da Saúde de Guaratinguetá, virou mais que tradição. Virou necessidade. Algo que essas guerreiras não abrem mão, não importa o cansaço, não importa a dificuldade.
No final das contas, o que fica é aquela sensação gostosa de ver a fé em movimento. De ver esperança sendo renovada a cada passo. E de entender que, às vezes, a cura vem não apenas nos remédios, mas na força que a gente tira de onde nem sabia que existia.