Ponta Porã: A cidade brasileira que respira medicina e encanta jovens com fronteira paraguaia
Ponta Porã: a fronteira que virou polo de medicina

Quem diria que uma cidadezinha colada na fronteira com o Paraguai se transformaria no novo eldorado dos futuros médicos brasileiros? Ponta Porã, aquela que muitos só conhecem pelo comércio de eletrônicos e produtos importados, está virando a menina dos olhos de quem sonha com o jaleco branco.

Não é exagero dizer que o ar aqui parece diferente — mistura o sotaque brasileiro com o guarani, o cheiro do tereré com o dos livros de anatomia. Enquanto nas outras cidades os jovens se aglomeram em cursinhos pré-vestibulares, aqui eles circulam entre laboratórios de ponta e hospitais-escola que dão inveja às grandes capitais.

Dois países, uma formação

O pulo do gato? A proximidade com Pedro Juan Caballero, já do lado paraguaio. Essa dupla dinâmica oferece aos estudantes:

  • Preços acessíveis na moradia e alimentação
  • Vivência internacional sem sair da região
  • Infraestrutura médica compartilhada entre os dois países
  • Oportunidades únicas de estágio em realidades diversas

"É como ter dois mundos num só", conta Rafael, um paulista de 22 anos que trocou os arranha-céus pela simplicidade fronteiriça. "Aqui a gente aprende na prática desde o primeiro semestre — coisa que meus amigos nas faculdades tradicionais só vão ver no terceiro ano."

O fenômeno das "repúblicas médicas"

Andar pelo centro de Ponta Porã hoje é como visitar um microcosmo do Brasil. Nos cafés, ouvem-se sotaques de todos os cantos do país. As repúblicas estudantis — muitas delas em casas antigas reformadas — viraram ponto de encontro multicultural.

E o que atrai tanta gente? Além da qualidade do ensino, há fatores que pesam no bolso:

  1. Custo de vida até 40% menor que nas grandes cidades
  2. Possibilidade de estágios remunerados nos dois países
  3. Bolsa de estudos para alunos de baixa renda
  4. Infraestrutura adaptada para estudantes

Não é à toa que as faculdades locais já respondem por quase 15% dos novos médicos formados no Centro-Oeste. Um crescimento que até os moradores mais antigos admitem não ter previsto.

Desafios e oportunidades

Claro que nem tudo são flores. Alguns professores reclamam da rotatividade — muitos estudantes acabam indo embora após a formatura. Outros apontam a necessidade de mais investimento em pesquisa.

Mas os números falam por si: só no último ano, três novos cursos de especialização médica abriram as portas. E os planos para um hospital universitário integrado entre Brasil e Paraguai já estão na mesa.

Enquanto isso, Ponta Porã segue seu caminho, provando que excelência acadêmica pode brotar até onde menos se espera. Quem viver, verá — e quem estudar, com certeza nunca mais vai esquecer essa experiência fronteiriça.