Matcha em crise: como a febre mundial está esgotando estoques e afetando preços
Febre por matcha causa escassez global e preços altos

Parece que todo mundo resolveu adotar o matcha de uma vez só. De influencers fitness a baristas hipsters, o pó verde virou febre — e isso está custando caro ao mercado global. Os estoques? Quase no vermelho. Os preços? Nas alturas. E aí, será que a moda passou da conta?

Os números impressionam: só no primeiro semestre de 2025, a demanda global por matcha cresceu 73% em relação ao ano anterior. O Japão, maior produtor mundial, já avisa que não consegue acompanhar o ritmo. "Estamos colhendo até as últimas folhas", confessou um agricultor de Kyoto ao G1, pedindo anonimato.

Efeito dominó no mercado

O que começou como nicho virou tsunami. Cafés especializados dobram o preço dos lattes com matcha. Lojas de suplementos esportivos limitam a compra por cliente. Até as grandes redes de supermercado sentem o baque — algumas já colocam o produto atrás do balcão, como se fosse remédio controlado.

E não é só no Brasil. Em Nova York, bares cobram até US$15 por uma dose. Em Londres, há filas nas lojas especializadas. "É o novo ouro verde", brinca a economista Carla Mendonça, antes de completar: "Mas brincadeiras à parte, isso reflete uma mudança real nos hábitos de consumo".

Por trás da escassez

  • Cultivo demorado: leva 3 anos para uma planta de matcha atingir a qualidade ideal
  • Processo artesanal: as melhores folhas são colhidas à mão e moídas em moinhos de pedra
  • Clima imprevisível: geadas no Japão reduziram a safra deste ano em quase 20%

Enquanto isso, nas redes sociais, a hashtag #MatchaCrisis já acumula milhões de visualizações. Alguns usuários postam memes com latas do pó como se fossem troféus. Outros lamentam o sumiço do produto das prateleiras. "Parece que voltei aos tempos de fila do leite na inflação", comenta uma dona de casa de São Paulo.

O que esperar?

Especialistas divergem. Alguns preveem normalização em 6 meses. Outros acham que a situação pode piorar antes de melhorar. "O matcha virou vítima do próprio sucesso", analisa o consultor de mercado Rodrigo Lima. "Quando algo vira moda global assim, a cadeia produtiva simplesmente não consegue reagir rápido o suficiente."

Enquanto o mercado se reorganiza, três caminhos se desenham: preços mais altos, produtos adulterados (já há relatos) ou — quem sabe — uma nova febre alimentar que dê algum respiro aos estoques. Por enquanto, se encontrar matcha na prateleira, compre logo. Ou divida com os amigos. Afinal, solidariedade também é saúde.