
Quem diria? Santarém, essa joia encravada no coração da Amazônia, completa mais de duas décadas sem registrar um único caso de raiva humana. Um feito e tanto, considerando que a doença ainda assombra muitas regiões do Brasil. Mas não pense que a cidade baixou a guarda — a leishmaniose visceral segue no radar dos agentes de saúde.
"É uma conquista coletiva", comenta Maria Silva, veterana da vigilância sanitária local. "Desde os anos 2000, trabalhamos duro na vacinação de cães e no monitoramento de morcegos." E os números comprovam: a última ocorrência de raiva em humanos foi registrada no longínquo ano de 2004.
O outro lado da moeda
Porém, nem tudo são flores. Enquanto a raiva humana permanece no zero absoluto, a leishmaniose visceral — transmitida pelo mosquito-palha — ainda preocupa. Só no último ano, 15 casos foram confirmados na região. "Temos focos em áreas periféricas", alerta o secretário municipal de Saúde.
- Estratégias que funcionam: Mutirões de castração canina
- Uso de coleiras repelentes em animais
- Educação permanente nas comunidades
Curiosamente, muitos santarenos nem se lembram mais do que é a raiva. "Meus filhos só conhecem pela televisão", ri a dona de casa Ana Paula, enquanto seu labrador recebe a dose anual de vacina. Já a leishmaniose... bem, essa ainda dá trabalho.
O que explica o sucesso?
Especialistas apontam três fatores cruciais:
- Investimento contínuo em vigilância ativa
- Parceria sólida entre saúde pública e universidades
- Engajamento comunitário acima da média
Não é à toa que Santarém virou caso de estudo em simpósios internacionais. Mas, como bem lembra o prefeito: "Vitória na saúde pública é trabalho que nunca acaba". E a cidade prova isso, mantendo os olhos bem abertos para ambas as zoonoses.