Justiça ordena transferência urgente de adolescente com mielite em estado gravíssimo em SP
Justiça manda transferir adolescente com mielite em SP

A realidade é dura, crua. Enquanto a maioria dos adolescentes de 17 anos pensa em vestibular, festas e amigos, um jovem — cujo nome preservo por respeito — trava uma batalha silenciosa contra a mielite transversa. Uma luta que já dura meses, mas que nos últimos dias atingiu um ponto crítico, desesperador.

O que você faria se visse seu filho definhar dia após dia, sem perspectivas de melhora? A mãe desse adolescente sabe exatamente a resposta. "Estamos vivendo um pesadelo sem fim", desabafa ela, com a voz embargada pela emoção e pelo cansaço. "Meu filho precisa de cuidados especializados urgentemente, e nós estamos aqui, parados no tempo, assistindo à piora gradual do seu estado."

Decisão judicial acende esperança

Na última quarta-feira, um raio de esperança finalmente surgiu no céu cinzento dessa família. A Justiça de São Paulo — cansada de esperar por soluções que não vinham — determinou que o Estado providencie, imediatamente, a transferência do adolescente para um hospital com UTI pediátrica adequada ao seu tratamento.

Não é qualquer hospital, atenção. Precisa ser uma unidade que tenha neurologista, neurocirurgião e infectologista disponíveis 24 horas. Profissionais capazes de enfrentar essa doença rara e agressiva que ataca a medula espinhal.

O relógio corre contra a vida

O prazo? Apenas 48 horas. Sim, você leu certo. Dois dias curtíssimos para salvar uma vida. A decisão saiu no dia 9 de outubro, e até o dia 11 o Estado precisa cumprir a ordem judicial. Caso contrário, multa diária de R$ 50 mil — dinheiro que, convenhamos, não paga a saúde de ninguém.

O que mais choca nessa história toda é que o adolescente já estava internado no Hospital Estadual de Franco da Rocha, na Grande São Paulo, desde agosto. Quase dois meses! Tempo mais que suficiente para qualquer gestor público organizar uma transferência adequada.

  • Estado gravíssimo se agravando progressivamente
  • Falta de vaga em UTI pediátrica especializada
  • Desespero da família crescendo a cada dia
  • E um sistema de saúde que parece surdo aos apelos

O grito de socorro de uma mãe

"A situação é desesperadora", repete a mãe, como se tentasse fazer alguém — qualquer um — entender a magnitude do drama. Ela não pede milagres, apenas o básico: atendimento digno para o filho. Cuidados que qualquer ser humano merece quando está vulnerável.

E pensar que tudo começou com uma mielite transversa — doença que, sozinha, já seria um desafio enorme. Mas o quadro se complicou, como acontece quando o sistema falha repetidamente. Agora, o jovem precisa de suporte ventilatório, entre outros cuidados intensivos.

A Defensoria Pública entrou com o pedido de transferência, é claro. E o juiz Fernando Antonio de Lima, da 1ª Vara de Franco da Rocha, não hesitou: a saúde vem primeiro, sempre. Em tempos onde tanto se fala em direitos humanos, é bom ver que a Justiça ainda lembra do mais básico deles — o direito à vida.

E agora, o que esperar?

O Estado tem até sexta-feira para cumprir a determinação. Dois dias que, para essa família, parecem uma eternidade. Cada minuto conta quando se está à beira do abismo.

Enquanto isso, a mãe permanece ao lado do filho, observando cada respiração, cada sinal vital. Esperando que, finalmente, o poder público entenda que burocracia não pode ser mais importante que uma vida jovem prestes a ser interrompida.

O caso desse adolescente é só mais um — tristemente — na longa fila do descaso com a saúde pública. Mas para essa família, é o único caso que importa. E deveria importar para todos nós.