
Dois anos. Foi o tempo que separou a partida da mãe do adeus ao pai. A deputada estadual Silvye Alves (PL-GO) — aquela mulher de discursos firmes na Assembleia Legislativa — hoje fala com voz quebrada ao lembrar dos vazios que se acumulam na alma.
"Não é fácil", confessa, enquanto os olhos umedecidos denunciam o que as palavras tentam disfarçar. "Quando você pensa que já aprendeu a respirar sem um, a vida te joga outro baque no peito."
O peso das ausências
Não são lágrimas de palanque. Quem conhece Silvye sabe: ela carrega nas costas a história de quem saiu da roça para a política, sem nunca esquecer as raízes. Mas dessa vez, a ferida é mais profunda que qualquer debate partidário.
— Minha mãe se foi em 2023. Meu pai agora, em agosto. Parece que o universo resolveu testar até onde vai minha resistência — desabafa, com um sorriso triste que não engana ninguém.
Entre a dor e a responsabilidade
O que mais impressiona? Mesmo no turbilhão emocional, ela não abandonou o plenário. "Meus eleitores merecem respeito", justifica, enquanto reorganiza papéis sobre a mesa — talvez para ocupar as mãos e distrair o coração.
Psicólogos ouvidos pelo G1 explicam: perder ambos os pais em sequência pode desencadear um "luto complexo". Algo que Silvye parece conhecer na prática:
- Sensação de "orfandade adulta"
- Crises de identidade ("quem sou eu sem eles?")
- Medo de herdar o "lugar dos mais velhos"
"Mas sabe o pior?" — ela interrompe a própria fala — "É abrir o telefone e lembrar que não tem mais para quem ligar quando o dia aperta."
Política como refúgio?
Curioso observar: enquanto alguns se escondem do mundo na dor, Silvye transformou o mandato em âncora. "O trabalho me salva", admite, antes de corrigir: "Ou pelo menos me distrai por algumas horas."
Nas redes sociais, mensagens de apoio pipocam. De eleitores, de colegas de parlamento, até de adversários políticos. Afinal, certas dores não escolhem lado ideológico.
"Quando a saudade apertar, olhe para Goiás. Você tem uma família grande aqui." — trecho de uma das centenas de comentários recebidos
E assim, entre votações importantes e crises pessoais, a deputada segue. Um passo de cada vez. Como quem aprende a andar de novo — só que agora, sem as mãos que a seguraram na primeira infância.