
Imagina a cena: um motorhome estacionado há quase dois meses na frente do Hospital de Base de São José do Rio Preto. Não era um turista descuidado ou alguém procurando vaga. Era a casa temporária de dois guerreiros, pais de um jovem de 19 anos com síndrome de Down, que travaram uma batalha diária pela vida do filho.
E olha, a persistência — e que persistência! — finalmente foi recompensada. Nesta quinta-feira (28), o jovem recebeu alta médica. Cinquenta e oito dias depois de ser internado com uma grave infecção respiratória. Cinquenta e oito noites de angústia, esperança e coragem.
Uma decisão de amor (e muito custo)
O pai, o motorista Alex Sandro da Silva, de 41 anos, não pensou duas vezes. Quando o estado do filho se agravou, ele e a esposa transformaram o veículo no seu quartel-general. "A gente ficava ali o dia todo, só ia para casa para tomar banho e voltava correndo", contou ele, com a voz ainda embargada pelo cansaço e pelo alívio. O medo de que algo pior acontecesse longe dos seus olhos era maior que qualquer desconforto.
E não foi fácil, viu? Longe disso. Além do desgaste emocional de ver o filho lutando contra uma pneumonia severa, o casal enfrentou o tempo — literalmente. Chuvas, calor, noites maldormidas. Tudo virou detalhe perto do objetivo: ver o filho respirar livre outra vez.
A virada que ninguém via chegando
Por semanas, a situação foi crítica. Haja coração para aguentar. Mas, num daqueles milagres silenciosos da medicina e da força humana, o jovem começou a responder ao tratamento. A febre baixou, a respiração afinal sossegou. E aquele sorriso — que segundo os pais ilumina qualquer cômodo — voltou a aparecer.
"É uma felicidade sem tamanho", disse a mãe, aliviada. "Ver ele melhor, reconhecendo a gente... não tem preço."
Agora, a vida recomeça. Fora do hospital, longe da sombra da doença. O motorhome, testemunha de tanta luta, vai finalmente poder rodar para outros destinos. Melhores, com certeza. E a família toda carrega uma lição das grandes: às vezes, a força mais poderosa não vem de remédio nenhum, vem do amor que a gente teima em ter.