
Um estudo alarmante da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP) revela que a dengue não atinge a todos igualmente. A pesquisa, realizada entre agosto de 2024 e julho de 2025, mostra que populações negras e residentes de áreas periféricas são as mais afetadas pela doença no estado.
Desigualdade que Mata
Os números não deixam dúvidas: enquanto a taxa de incidência entre brancos ficou em 187 casos por 100 mil habitantes, entre pretos e pardos esse número dispara para 324 casos - uma diferença de mais de 70%. A situação se repete quando analisamos a distribuição geográfica.
Periferias na Linha de Frente
As comunidades periféricas concentram 62% de todos os casos notificados de dengue no período estudado. Esse padrão se mantém consistente em todas as regiões do Amapá, indicando um problema estrutural que vai além das fronteiras municipais.
O que Explica Essa Disparidade?
Segundo os pesquisadores, vários fatores contribuem para este cenário preocupante:
- Condições de moradia: Áreas com maior densidade populacional e saneamento precário
- Acesso a serviços: Dificuldade em obter atendimento médico preventivo
- Exposição ambiental: Maior quantidade de criadouros do mosquito em territórios periféricos
- Fatores socioeconômicos: Renda e educação como determinantes da saúde
Um Alerta para as Políticas Públicas
Os pesquisadores enfatizam que estes dados devem servir como um alerta para a formulação de políticas públicas mais eficazes. "Precisamos de estratégias que considerem essas desigualdades", afirma um dos coordenadores do estudo.
O combate à dengue no Amapá, segundo a pesquisa, exige abordagens específicas para territórios e populações mais vulneráveis, rompendo com a ideia de que a doença atinge a todos da mesma forma.