
A noite paulistana acordou diferente nesta terça-feira. E não foi só pela ressaca habitual. Um silêncio preocupante paira sobre as boates e casas noturnas que, até ontem, fervilhavam de gente. A decisão veio como um balde de água fria — e dos pesados: a Associação dos Dirigentes de Casas Noturnas do Estado de São Paulo (Adicesp) mandou parar tudo. Sim, suspenderam a venda de qualquer bebida alcoólica nos estabelecimentos associados.
O motivo? Assustador. Pelo menos cinco pessoas — talvez mais — foram parar no hospital com sintomas que não combinam nada com uma simples bebedeira. Estamos falando de vômitos incontroláveis, aquela tontura que derruba, e uma confusão mental que chega a ser assustadora. Tudo indica, segundo os médicos, que seja intoxicação por metanol.
O perigo invisível nas bebidas
E aqui a coisa fica séria de verdade. Metanol não é aquela bebida que deixa alegre — é um veneno disfarçado. Conhecido como álcool metílico, essa substância pode cegar uma pessoa, causar danos neurológicos permanentes ou, nos casos mais extremos, levar à morte. E o pior: os sintomas iniciais até se parecem com uma embriaguez comum, o que engana muita gente.
Os estabelecimentos afetados não são quaisquer um. A lista inclui pesos-pesados da vida noturna paulistana: o Club A, a Funhouse, a House of Music e a Vapor Bar. Lugares que costumam estar abarrotados de gente no fim de semana, agora estão fechando as torneiras, literalmente.
Como isso pode ter acontecido?
A grande questão que todo mundo está fazendo: como o metanol foi parar nas bebidas? Bom, as investigações ainda estão no começo, mas o cenário mais provável — e mais preocupante — é o de uma contaminação em algum lote de destilados. Pode ter sido um erro de produção, um problema no fornecedor, ou, na pior das hipóteses, alguma adulteração criminosa.
A Adicesp, é claro, está em estado de alerta máximo. Eles afirmam que a medida é "emergencial e preventiva" enquanto não descobrem a origem exata do problema. "A prioridade absoluta é a segurança dos frequentadores", disseram em nota. Difícil discordar.
Enquanto isso, a Vigilância Sanitária municipal já foi acionada e deve começar uma verdadeira operação de guerra para rastrear a procedência das bebidas suspeitas. Vão investigar desde os fornecedores até o armazenamento nos estabelecimentos.
E agora, o que fazer?
Se você frequentou algum desses lugares recentemente e está se sentindo mal, corra para o hospital. Não espere piorar. Os sintomas de intoxicação por metanol podem demorar algumas horas para aparecer — e quando aparecem, a situação já pode estar crítica.
E para quem costuma curtir a noite paulistana, a recomendação é ficar de olho. Muito olho. Desconfie de bebidas com gosto estranho, odor diferente ou embalagens que parecem violadas. Melhor pecar pelo excesso de cuidado do que arriscar a saúde.
O que me preocupa, sinceramente, é que isso possa ser só a ponta do iceberg. Quantos casos passaram despercebidos? Quantas pessoas atribuíram os sintomas a "uma bebedeira mais forte"? São perguntas que ficam no ar, enquanto a cidade tenta entender o tamanho do problema.
Uma coisa é certa: a noite de São Paulo nunca mais será a mesma. Pelo menos não até descobrirem onde está o perigo e como ele foi parar nos copos de tantas pessoas.