Envelhecimento em MS: 14% da População Tem Mais de 60 Anos e Especialista Alerta para Falta de Políticas Públicas
MS: 14% são idosos e faltam políticas públicas

O tempo não para, e em Mato Grosso do Sul essa máxima está ficando cada vez mais evidente. Dados recentes mostram que o estado já conta com 14% de sua população na faixa dos 60 anos ou mais — um número que não para de crescer e que exige respostas urgentes do poder público.

Parece que foi ontem que estávamos discutindo o bônus demográfico, mas a realidade já bateu à porta. A professora e pesquisadora Lúcia Afonso, que há anos estuda esse tema, não mede palavras: "Estamos ficando para trás nessa corrida contra o relógio demográfico".

Um Estado que Envelhece Rapidamente

Os números não mentem — e são bastante eloquentes. Enquanto a média nacional de idosos gira em torno de 13%, MS já ultrapassou essa marca. Mas o que realmente preocupa é a velocidade com que essa transformação acontece. Em algumas regiões do estado, a coisa está ainda mais acelerada.

Lúcia Afonso, que conhece o assunto como a palma da mão, explica que essa mudança traz consequências em cadeia. "Não se trata apenas de aposentadorias", diz ela. "É todo um ecossistema que precisa se adaptar: saúde, mobilidade, segurança, lazer... a lista é longa."

O Vazio das Políticas Públicas

Aqui está o grande problema — e é assustador. Apesar dos números gritantes, as políticas específicas para essa parcela da população praticamente não existem. É como construir uma casa sem pensar nas escadas para quando os moradores envelhecerem.

"Temos algumas ações pontuais, mas falta um plano estruturado", lamenta a especialista. "Os municípios mais afastados da capital são os que mais sofrem com essa carência."

E não é difícil entender por quê. Quando falamos de envelhecimento, estamos falando de:

  • Atendimento médico especializado e acessível
  • Transporte público adaptado
  • Programas de convivência e socialização
  • Apoio a cuidadores familiares
  • Prevenção de solidão e depressão

A verdade é que a maioria desses itens ainda está no campo das promessas.

O Que Esperar do Futuro?

Se a situação já preocupa hoje, imagine daqui a dez anos. A projeção é que até 2030 praticamente um em cada cinco sul-mato-grossenses terá mais de 60 anos. Um tsunami prateado se aproxima — e ninguém parece estar construindo diques suficientes.

"Precisamos agir agora", insiste Lúcia. "Cada ano de atraso significa milhares de pessoas deixadas para trás."

Curiosamente, esse envelhecimento acelerado poderia ser visto como uma oportunidade. Afinal, idosos ativos consomem, trabalham, ensinam e movimentam a economia. Mas para isso, precisam de condições básicas garantidas — algo que, no momento, parece mais um sonho distante.

Enquanto isso, as famílias seguam se virando como podem, criando soluções caseiras para problemas que deveriam ser atendidos por políticas públicas consistentes. Uma pena, considerando que todos nós — se tivermos sorte — um dia chegaremos lá.