Fuga em Massa: A Cidade Catarinense que Está Minguando e com a 3ª Pior Renda do Estado
Cidade de SC minguou com fuga de moradores

Parece até cenário de filme, mas é a pura verdade: Cerro Negro, um pedaço de Santa Catarina escondido na Serra, está literalmente sumindo do mapa. E não é exagero. Os números do último censo do IBGE são um soco no estômago: a cidade perdeu quase um quarto de sua população em uma década. Sim, você leu certo. Vinte e cinco por cento a menos de gente circulando pelas ruas, cuidando de suas vidas, movimentando o comércio.

O que resta é um lugar silencioso demais, com casas vazias e um comércio que luta para não fechar as portas. A paisagem é bonita, ah, isso é – mas beleza, infelizmente, não põe comida na mesa nem segura os jovens que sonham com um futuro melhor.

O Retrato de uma Renda que Não Cresce

E se o sumiço de gente já assusta, o que dizer da situação financeira de quem ficou? A renda média mensal do cerro-negrense é uma das mais baixas de todo o estado catarinense, ficando na incômoda terceira pior posição. Falamos de algo em torno de R$ 1.073,00 por pessoa. Tente dividir isso por todas as despesas de um mês. Difícil, não?

Enquanto outras cidades da região crescem e se desenvolvem, Cerro Negro parece ter parado no tempo. A economia, que outrora pode ter tido seus dias de glória, hoje patina. A falta de oportunidades é o fantasma que assombra todos, dos mais velhos aos recém-formados. Quem fica, se vira como pode. Muitos com trabalhos informais, outros com pequenos cultivos, e uma penca de pessoas que simplesmente dependem de auxílios governamentais para sobreviver.

Mas Por Que Todo Mundo Está Indo Embora?

Pergunta de um milhão de dólares. A resposta, porém, não é simples. É um emaranhado de fatores que se alimentam mutuamente.

  • O Sumiço das Oportunidades: Empregos formais? Quase inexistentes. A maioria dos que sobraram são na agricultura de subsistência ou em bicos aqui e ali. Nada que segure uma família.
  • A Atração dos Grandes Centros: Cidades como Lages, Curitiba, ou até mesmo a capital Florianópolis, funcionam como um ímã. Oferecem estudo, saúde, e a chance – ainda que remota – de construir uma carreira.
  • O Esvaziamento Gera Mais Esvaziamento: É um ciclo vicioso e cruel. Com menos gente, o comércio fraqueja. Com o comércio fraco, mais gente perde o emprego e decide ir embora. E assim a roda gira, só que para trás.

Não é uma decisão fácil. Deixar para trás raízes, história, família. Mas a necessidade fala mais alto. O instinto de sobrevivência é um baita motivador.

E Agora, José?

O futuro de Cerro Negro pende na corda bamba. Reverter um quadro desses não é tarefa simples e exige muito mais do que boa vontade. É preciso um projeto robusto de incentivo econômico, atração de investimentos e, acima de tudo, esperança. Algo que faça aqueles que ainda estão lá acreditarem que vale a pena ficar, e que talvez, quem sabe, traga de volta alguns dos que foram embora.

Enquanto isso não acontece, a cidade segue seu caminho, cada vez mais quieta, cada vez mais vazia. Um lembrete silencioso – e um tanto triste – de como as dinâmicas econômicas podem moldar (ou desfazer) o destino de um lugar.