
Em uma decisão que promete revolucionar o tratamento de um dos distúrbios do sono mais comuns no Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso do medicamento Mounjaro para combater a apneia obstrutiva do sono em adultos com obesidade.
O que muda com a nova aprovação
O Mounjaro, cujo princípio ativo é o tirzepatida, já era conhecido e utilizado no tratamento do diabetes tipo 2. Agora, médicos e pacientes ganham uma nova arma contra a apneia, condição caracterizada por interrupções repetidas na respiração durante o sono.
Esta é a primeira vez que um medicamento da classe dos agonistas duplos de GIP e GLP-1 recebe autorização específica para tratar a apneia do sono no país, abrindo um novo capítulo na abordagem desta condição que afeta a qualidade de vida de milhões de brasileiros.
Como o medicamento atua no organismo
O mecanismo de ação do tirzepatida vai além do controle glicêmico. O medicamento atua em dois fronts principais:
- Redução de peso: Promove significativa perda de massa corporal, fator crucial pois a obesidade é uma das principais causas da apneia obstrutiva
- Melhora metabólica: Atua na regulação de hormônios envolvidos no controle do apetite e metabolismo
Impacto na saúde pública brasileira
A apneia do sono é um problema de saúde pública subdiagnosticado no Brasil. Estima-se que a condição afete aproximadamente 30% da população adulta, com números ainda mais expressivos entre pessoas com sobrepeso e obesidade.
"A aprovação do Mounjaro representa um avanço significativo para pacientes que não toleram ou não aderem adequadamente aos tratamentos convencionais, como o uso de CPAP", explica o texto da decisão da Anvisa.
Condições para uso do medicamento
A autorização da Anvisa estabelece critérios específicos para a prescrição do Mounjaro no tratamento da apneia:
- Diagnóstico confirmado de apneia obstrutiva do sono moderada a grave
- Pacientes adultos com índice de massa corporal (IMC) igual ou superior a 30 kg/m²
- Uso em conjunto com mudanças no estilo de vida, incluindo dieta e exercícios
Perspectivas para o futuro do tratamento
A chegada de opções farmacológicas eficazes para a apneia do sono marca uma mudança de paradigma no manejo da doença. Tradicionalmente, o tratamento se limitava a dispositivos mecânicos e intervenções cirúrgicas, que nem sempre eram bem aceitos pelos pacientes.
Com esta aprovação, o Brasil se alinha às mais recentes evidências científicas internacionais, que demonstram o potencial dos medicamentos da classe do tirzepatida em abordar as causas metabólicas subjacentes à apneia obstrutiva do sono.
Especialistas acreditam que esta pode ser apenas a primeira de uma nova geração de tratamentos medicamentosos para distúrbios do sono, abrindo caminho para abordagens mais integradas e personalizadas no futuro.