
O silêncio que paira sobre a comunidade médica de Goiás neste domingo não é por acaso. Uma daquelas figuras que pareciam eternas — talvez pela vitalidade com que enfrentava cada dia — partiu de repente. Aos 76 anos, o Dr. José Alberto Alvarenga nos deixou. Sábado, 30 de agosto. Um fim de semana que muitos lembrarão pela tristeza.
Não foi qualquer médico. Neurologista com currículo extenso, ele era daqueles raros profissionais que conseguiam equilibrar o rigor científico com um olhar humano — quase paternal — para seus pacientes. Formado pela Universidade Federal de Goiás (UFG), era mais do que um ex-aluno; era parte da história da instituição.
E os anos se passaram, mas não sem deixar marcas. Além de clinicar, Alvarenga mergulhou de cabeça no mundo acadêmico. Lecionou na Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) e, claro, na própria UFG. Quem foi seu aluno diz que suas aulas iam muito além da neurologia: eram lições sobre empatia, sobre escuta, sobre o valor de um diagnóstico bem explicado.
Um nome que ecoa além dos consultórios
Não ficou restrito às salas de aula ou aos hospitais. O médico também atuou como perito judicial — imagine a responsabilidade. Laudos, pareceres, decisões que dependiam de seu critério afiado e da ética que sempre o guiou.
E, como se não bastasse, ainda presidiu a Sociedade Goiana de Neurologia. Liderança natural, mesmo sem buscar holofotes. Alguém que construiu respeito não pelo grito, mas pela competência silenciosa.
“Uma perda irreparável”, definiu um colega de profissão, que preferiu não se identificar. “Ele era daqueles que ainda acreditavam na medicina como vocação, não como negócio.”
O adeus
O corpo do Dr. Alvarenga será velado no Jardim do Palácio, em Goiânia, a partir das 14h deste domingo. O cemitério Parque Jardim das Palmeiras receberá o sepultamento, marcado para as 17h. Uma despedida aberta — para colegas, ex-pacientes, amigos, qualquer um que queira honrar sua memória.
Não há informações sobre a causa da morte. E talvez nem importe. O que fica é a história. O legado. O vazio que um homem desses deixa quando vai embora.
A medicina brasileira, e especialmente a goiana, está de luto. E não é exagero dizer: faz tempo que não perdíamos um profissional tão completo.