
Quem diria que a agenda de um ministro incluiria plantão médico a 10 mil pés de altitude? Pois foi exatamente isso que aconteceu no último sábado, 27, em um voo comercial rumo ao Rio de Janeiro. O ministro da Saúde, Ricardo Barros, trocou momentaneamente a pasta ministerial por um estetoscópio imaginário para auxiliar uma passageira que sofreu um mal-estar súbito.
A situação, que poderia ser apenas mais um incidente de rotina nos corredores apertados de uma aeronave, ganhou contornos de genuína solidariedade. Testemunhas relataram que Barros não hesitou – assim que o chamado da tripulação ecoou pela cabine, ele se levantou e se dirigiu à passageira, demonstrando uma calma que, convenhamos, não é sempre associada a figuras políticas em meio a uma crise.
E não foi um gesto rápido, daqueles para a foto. Ele permaneceu ao lado da mulher, conversando, avaliando os sintomas e prestando todo o suporte necessário até que a situação fosse considerada estável. Um verdadeiro plantão de emergência a céu aberto, ou melhor, a nuvem aberta.
Das alturas para as redes sociais
É claro que, nos dias de hoje, nenhum gesto de boa vontade escapa dos celulares. Passageiros registraram a cena e, em questão de minutos, o ministro já era trending topic. As reações, como era de se esperar, foram as mais variadas. De um lado, elogios à postura humana e despretensiosa. De outro, aqueles que sempre encontram um mas – questionando se era apenas para melhorar a imagem pública.
Mas, cá entre nós, em um momento de genuíno pânico para uma pessoa, o que importa de verdade é a ação, não a intenção por trás dela. A passageira foi assistida, o problema foi contornado. Fim – ou melhor, meio – da história.
Um ministro, muitas funções
O episódio joga um holofote interessante sobre a figura do ministro. Ricardo Barros, que já foi alvo de tantas críticas – umas justas, outras nem tanto –, mostrou um lado que vai além dos discursos no Planalto. Mostrou que a saúde pública, pelo menos naquele momento, era uma senhora assustada em um avião.
E isso nos faz refletir: quantos políticos fariam o mesmo? Quantos trocariam o conforto do assento executivo pelo desconforto de se envolver em um problema real, cheio de imprevistos? A resposta, talvez, não seja tão animadora. O que torna o gesto do ministro, no mínimo, digno de registro.
O voo, após o susto, seguiu normalmente para o Rio. A passageira, segundo informações, passa bem. E o ministro? Bom, o ministro cumpriu mais uma jornada, mesmo que não estivesse prevista na agenda oficial. Quem sabe isso não vira rotina? Afinal, a saúde não tem horário marcado.