
Parece que virou rotina na Paraíba - e das piores. Todo santo dia, duas pessoas precisam reunir coragem para denunciar situações de assédio no ambiente de trabalho. Os números são oficiais e vêm do Ministério Público do Trabalho, que está com a pulga atrás da orelha.
De janeiro a agosto deste ano, pasmem: 489 notificações chegaram ao conhecimento do MPT. Faz as contas aí - dá quase duas por dia, considerando apenas os dias úteis. Uma realidade que deveria fazer empresários e gestores suarem frio.
O retrato de um problema crônico
Se o ritmo se mantiver, 2025 deve fechar com aproximadamente 700 casos registrados. Mas aqui vai um segredo sujo: todo mundo que mexe com direito trabalhista sabe que isso é só a ponta do iceberg. Muita gente engole sapo por medo de represálias ou simplesmente por não saber seus direitos.
"A subnotificação é nossa maior inimiga", confessa um procurador que prefere não se identificar. "Para cada denúncia que chega, várias outras ficam pelo caminho."
Quem está denunciando?
As mulheres, claro, lideram com folga as estatísticas - representam 65% dos casos. Mas os homens também estão quebrando o silêncio aos poucos. E olha só que interessante: o assédio moral aparece como campeão de queixas, seguido de perto pelo assédio sexual.
- Assédio moral: 45% dos casos
- Assédio sexual: 38%
- Discriminação: 12%
- Outros: 5%
Os setores que mais aparecem nas estatísticas? Comércio e serviços respondem por quase metade das denúncias. A indústria vem em seguida, com cerca de 30%.
E as empresas? O que estão fazendo?
Boa pergunta. O MPT já cansou de alertar que prevenir sai mais barato que remediar. Canal de denúncias, treinamentos regulares, políticas claras de conduta - tudo isso deveria ser o básico, mas ainda é tratado como luxo por muitas organizações.
"Tem gestor que ainda acha que é mimimi", comenta uma consultora de RH que atua no estado. "Só se tocam quando a conta chega - e ela sempre chega."
As consequências vão desde processos trabalhistas milionários até danos irreparáveis à imagem da empresa. Sem falar no clima organizacional que vira um verdadeiro campo minado.
O que fazer se você for vítima?
- Documente tudo - prints, e-mails, áudios. Tudo é prova.
- Busque testemunhas - colegas que possam confirmar a situação.
- Procure ajuda - sindicatos, advogados ou o próprio MPT podem orientar.
- Cuide da saúde mental - o dano psicológico pode ser devastador.
No fim das contas, esses números da Paraíba servem como um alerta para todo o país. O ambiente de trabalho precisa ser local de respeito e produtividade, não de terror psicológico ou constrangimento. E mudar essa cultura - bem, isso é trabalho para todos nós.