A vereadora Benny Briolly (PSOL) formalizou uma representação no Ministério Público contra o deputado federal Hélio Fernando Barbosa Lopes (PL-RJ), conhecido como Hélio Bolsonaro. A ação judicial foi motivada por um vídeo que viralizou nas redes sociais nesta semana, no qual o parlamentar atribui supostas tentativas contra a vida do ex-presidente Jair Bolsonaro a práticas de religiões de matriz africana, usando termos como "macumba" e "feitiçaria".
Discurso parlamentar é classificado como crime
Na denúncia, a parlamentar carioca, que é a primeira vereadora trans eleita e reeleita no Rio de Janeiro, aponta que as declarações do deputado configuram intolerância religiosa, racismo religioso e incitação ao ódio. Benny Briolly reforçou que o conteúdo do vídeo alimenta estigmas históricos que criminalizam e demonizam os povos de terreiro, associando-os a desgraças e infortúnios.
"Esse tipo de fala ataca, profana e faz com que as pessoas reproduzam a depredação de terreiros, o racismo religioso e a violência contra quem cultua o seu sagrado todos os dias", declarou a vereadora em suas redes sociais no dia 19 de dezembro de 2025.
Risco concreto de violência e contexto político
A parlamentar alertou para o perigo real que discursos desse tipo representam. "Já vimos pessoas acusadas de bruxaria serem perseguidas e linchadas até a morte", afirmou Benny Briolly. Ela destacou que, ao vincular as religiões africanas às desventuras de uma figura política com base fanatizada, o deputado abre um flanco perigoso para retaliações e ataques contra comunidades religiosas que já são vítimas diárias do racismo.
No vídeo em questão, Hélio Bolsonaro afirma que "muita macumba, muita feitiçaria, muita coisa ruim" teria sido feita contra o ex-presidente, a quem chama de "irmão". Para a vereadora, tal narrativa é inaceitável vinda de um agente público. "É um tipo de fala que não pode ser tolerada nem admitida na boca de alguém que se coloca como executor de políticas públicas", reforçou.
Preocupação com projeto de lei na Câmara
Além da representação no MP, Benny Briolly expressou preocupação com o avanço, na Câmara dos Deputados, de um projeto de lei que poderia isentar pastores de punição por declarações racistas ou homofóbicas. A proposta, que originalmente visa aumentar penas para crimes como ultraje a culto, foi emendada para incluir essa proteção a líderes religiosos.
"Não podemos permitir que a fé seja usada como escudo para legitimar discursos de ódio", criticou a vereadora, que também é ebomi no candomblé e médium na Umbanda. Ela enfatiza que sua atuação política é guiada pela defesa intransigente da liberdade religiosa.
"Nossa religiosidade é ancestral, é resistência e é vida. Defender os povos de axé é defender a democracia, os direitos humanos e a dignidade de milhares de brasileiros", concluiu Benny Briolly, fechando com um posicionamento claro contra qualquer forma de discriminação religiosa.