A ex-primeira dama Michelle Bolsonaro protagonizou um dos discursos mais comentados do fim de semana ao defender publicamente o que classificou como 'submissão saudável' das mulheres casadas em relação aos seus maridos. As declarações ocorreram durante evento do Partido Liberal (PL) voltado para mulheres, realizado em Londrina, no Paraná, no último sábado (8).
O discurso sobre submissão e feminilidade
Em um evento marcado por forte tom religioso, Michelle Bolsonaro fundamentou suas posições em passagens bíblicas. 'A Bíblia fala da submissão da esposa ao marido, mas é uma submissão saudável', afirmou a ex-primeira dama, que atualmente preside o PL Mulher, segmento feminino do partido.
Michelle desenvolveu sua visão sobre o papel da mulher na sociedade e na política, enfatizando que as mulheres 'de bem' deveriam se envolver mais na vida política, porém sempre no papel de auxiliadoras de seus esposos. 'Uma mulher ajudadora, auxiliadora do seu esposo. Entendo o meu chamado como mulher. Sou preciosa. Sei a minha missão', declarou durante seu discurso.
Críticas às feministas e defesa de Bolsonaro
O evento serviu também como palco para duras críticas a mulheres com agendas políticas diferentes do conservadorismo defendido pela ex-primeira dama. Michelle Bolsonaro direcionou ataques específicos a defensoras da legalização do aborto e a parlamentares de esquerda.
'Hoje no Brasil muitas mulheres são eleitas para estar em esferas de decisão e de poder para defender o aborto', criticou. Em seguida, nomeou explicitamente ativistas feministas e parlamentares do PT e PSOL como responsáveis por 'demonizar a figura masculina'.
Em contrapartida, Michelle definiu as mulheres do PL como 'diferenciadas' que 'fazem política com feminilidade', estabelecendo um claro contraste com as correntes feministas que critica.
A defesa intransigente de Jair Bolsonaro
Um dos momentos mais impactantes do discurso foi a defesa enfática da candidatura do marido, Jair Bolsonaro, para as eleições presidenciais de 2026. A declaração ganha contornos polêmicos considerando que o ex-presidente encontra-se atualmente inelegível e condenado a 27 anos e três meses de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
'A única opção para presidente da República da direita chama-se Jair Messias Bolsonaro', afirmou Michelle de forma categórica. A ex-primeira dama foi além ao acusar o Judiciário de dar um golpe contra a democracia brasileira: 'Se não acontecer, não existe democracia no Brasil. Se não acontecer, esse é o verdadeiro golpe que o Judiciário está dando no povo de bem'.
A situação jurídica de Bolsonaro permanece crítica. O ex-presidente está em prisão domiciliar após a Primeira Turma do STF rejeitar por unanimidade um recurso no processo da trama golpista que resultou em sua condenação. A expectativa é de que a principal liderança da direita brasileira seja transferida para o regime fechado ainda este ano.
O evento em Londrina e as declarações de Michelle Bolsonaro reacenderam debates sobre o papel da mulher na política brasileira e demonstraram que, apesar das condenações judiciais, a família Bolsonaro mantém sua influência no cenário político nacional.