Eduardo Bolsonaro pede liberdade do pai no Muro das Lamentações
Eduardo Bolsonaro pede liberdade de Jair no Muro

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) realizou um ato inusitado durante uma viagem a Israel nesta semana. Ele visitou o Muro das Lamentações, um dos locais mais sagrados do judaísmo, e depositou um bilhete com um pedido específico: a liberdade de seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro.

O pedido no local sagrado

A ação do parlamentar transformou um espaço tradicional de orações e reflexões em um palco de protesto político internacional. A prática de colocar pequenos papéis com preces nas frestas do muro é comum entre fiéis de diversas religiões. No entanto, Eduardo Bolsonaro utilizou o ritual para fazer um apelo direto relacionado à situação jurídica brasileira.

Seu pai, Jair Bolsonaro, cumpre atualmente uma pena de 27 anos e três meses de prisão. A condenação, já transitada em julgado, foi aplicada pela Justiça brasileira pela prática de crimes como liderança de uma tentativa de golpe de Estado. O episódio referido é o dos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, que resultaram em invasões e depredações às sedes dos Três Poderes em Brasília.

Contexto da viagem e da condenação

A viagem do deputado a Israel ocorreu em um momento de intensa movimentação política em torno da figura do ex-presidente. A condenação de Bolsonaro é uma das mais severas da história política recente do país e simboliza o julgamento jurídico sobre os eventos que buscaram subverter a ordem democrática.

Eduardo Bolsonaro, que é um dos filhos mais ativos politicamente do ex-presidente, tem sido vocal em sua defesa, classificando a prisão como perseguição política. A escolha de um marco religioso internacional para reforçar essa narrativa busca dar uma dimensão simbólica e midiática ao seu protesto.

Repercussão e limites da ação

Embora o ato no Muro das Lamentações garanta visibilidade, ele não possui qualquer efeito jurídico sobre o processo que está sendo conduzido no Brasil. A legislação brasileira não prevê a interferência de apelos simbólicos ou religiosos em decisões judiciais fundamentadas em provas e processos legais.

Especialistas em direito constitucional lembram que a pena de Jair Bolsonaro foi aplicada após um longo processo, com amplo direito à defesa, e que seus recursos se esgotaram perante as instâncias superiores do Judiciário. A estratégia da família Bolsonaro, portanto, tem se voltado cada vez mais para o campo da opinião pública e do simbolismo, tanto no Brasil quanto no exterior.

A utilização de um local sagrado para um fim político específico também pode gerar debates sobre a separação entre religião e Estado, um princípio fundamental tanto no Brasil quanto em Israel, que é uma democracia.

A notícia foi divulgada inicialmente na quinta-feira, 5 de dezembro de 2025, e atualizada no mesmo dia. O episódio ilustra como a crise política decorrente dos eventos de 8 de janeiro continua a ecoar, encontrando novas formas e cenários para se manifestar, mesmo longe do território nacional.