O que Ricardo Boechat realmente pensava sobre Silas Malafaia? Revelações surpreendentes
Boechat e Malafaia: a entrevista que marcou época

Não é todo dia que a gente se depara com uma daquelas entrevistas que parecem ter saído de um script de cinema — afiada, sem rodeios e com aquele toque de irreverência que só Boechat sabia dar. E olha que estamos falando de 2015, mas parece que foi ontem.

O cenário? Um estúdio de TV. Os personagens? Dois titãs em seus universos: de um lado, o pastor Silas Malafaia, voz poderosa do neopentecostalismo brasileiro; do outro, Ricardo Boechat, com seu olhar penetrante e perguntas que cortavam como faca.

Uma conversa que virou capítulo da história recente

Boechat — que hoje nos deixou saudades de seu jeito único de fazer jornalismo — não economizou nas provocações. Malafaia, conhecido por não fugir do debate, encarou o desafio. O resultado? Quase uma hora de tensão criativa, onde religião, política e liberdade de expressão se entrelaçaram de maneira fascinante.

"Você acha que as pessoas têm medo de você?" — disparou Boechat, numa daquelas perguntas que fazem o entrevistado fazer uma pausa dramática antes de responder. E Malafaia, é claro, rebateu: "Medo? Não. Respeito. E talvez algumas discordem, mas não por medo."

O jogo de espelhos entre fé e poder

O que mais impressionava naquela entrevista — e ainda impressiona quem revê as imagens — era a habilidade de Boechat em navegar por águas turbulentas sem perder o rumo. Ele questionou a influência política de Malafaia, a relação com figuras como Bolsonaro, e até a polêmica da "teologia da prosperidade".

Numa hora em que o Brasil parecia (e ainda parece) dividido entre céu e inferno, essa conversa foi um retrato raro de dois mundos que muitas vezes se falam através de gritos, não de diálogos.

Boechat, com seu estilo único, fez algo notável: ouviu. Questionou, sim, com a ferocidade de quem não teme controvérsia, mas também deu espaço para réplicas longas e elaboradas. Malafaia, por sua vez, expôs suas convicções com uma intensidade que poucos programas de TV conseguem capturar.

E o que ficou?

Além dos clips que viralizaram e das manchetes que se espalharam, ficou a sensação de que o debate público — quando feito com inteligência e coragem — ainda pode surpreender. Boechat sabia disso como poucos.

Numa era de discussões rasas e xingamentos nas redes sociais, rever essa entrevista é quase um exercício de saudade. Saudade de um jornalismo que não tinha medo de perguntar, de desafiar, de provocar reflexão.

E quanto às opiniões de Boechat sobre Malafaia? Bem, elas estavam mais nas perguntas do que nas respostas. Na maneira como ele conduziu o bate-papo, nas entonações, nas expressões faciais. Boechat era mestre em dizer muito sem precisar declarar nada explicitamente.

Uma aula de jornalismo — e de humanidade.