O clima em Belo Horizonte estava pesado, daqueles que fazem a gente pensar na vida — e no gás de cozinha, que não para de subir. Eis que, num movimento que surpreendeu até os mais atentos, o presidente Lula apareceu na maior favela da cidade, o Aglomerado da Serra, com um anúncio quente na ponta da língua.
Nesta quarta-feira, 28 de agosto, ele confirmou pessoalmente: vem aí um novo Vale-Gás. Algo que, convenhamos, é mais do que necessário. É urgente.
Não é campanha? É… mas também não é
O timing, claro, é tudo. Lula está pelo mineirão — literal e figurativamente — em modo campanha total, puxando apoio para a candidata Gleisi Hoffmann. Mas será que isso anula a importância do que foi dito? Acho difícil.
O programa deve seguir o modelo do Vale-Gás original, aquele que fez tanto falta quando foi encerrado. Desta vez, a ideia é que seja mais focado, mais direto. Um alívio na pressão do botijão, que hoje pesa mais do que deveria no orçamento de quem menos pode.
O cenário por trás do anúncio
Não foi um discurso vazio. Lula falou de números — e a plateia ouviu. Citou que, só no Aglomerado da Serra, são mais de 40 mil pessoas. Gente que cozinha, que se alimenta, que vive. E que sofre com o preço do gás, que já beirou os R$ 120 em alguns estados.
“Isso aqui não é esmola”, disparou o presidente, num tom que misturava indignação e promessa. “É direito de todo cidadão não passar fome e não ficar sem conseguir cozinhar.”
E os detalhes? Quando vem?
Boa pergunta. A verdade é que ainda faltam informações — quem vai receber, como vai funcionar a seleção, qual o valor exato do auxílio. O governo promete que os critérios serão divulgados em breve, mas o timing político… bem, isso ninguém esconde.
O que se sabe é que a iniciativa deve ser implementada ainda este ano. Uma resposta rápida, ainda que eleitoreira, a um problema que é crônico.
Não é só sobre gás. É sobre sobrevivência
Quem já viu uma mãe ter que escolher entre comprar gás ou leite para o filho sabe do que estou falando. O Vale-Gás, mais do que um benefício, é uma faceta de uma política social que — vamos combinar — nunca deveria ter saído de moda.
Lula sabe disso. A população também. E em ano eleitoral, todo gesto voto, todo anúncio ecoa. Resta saber se o eco vai durar depois das urnas.
Por enquanto, o que fica é o alívio. E a esperança — sempre ela — de que, dessa vez, o gás não vaia acabar antes do fim do mês.
