Segurança Pública: O Desafio Inevitável para o Governo Lula
A segurança pública se consolidou como a principal preocupação dos brasileiros em 2025, criando uma situação política delicada para o governo Lula e a esquerda brasileira. De acordo com análise de José Benedito da Silva no programa Os Três Poderes, o tema se transformou em um problema significativo para o campo governista.
O Negacionismo da Esquerda Frente ao Crime Organizado
O editor José Benedito da Silva afirmou em 14 de novembro de 2025 que parte do campo governista ainda resiste a discutir a segurança pública nos termos exigidos pela urgência do momento. "Há, sim, uma recusa em aceitar o debate como ele está posto", declarou o analista.
A avaliação veio após a exibição de entrevista do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, que acusou a esquerda de negacionismo ao minimizar o impacto do avanço do crime organizado. Para José Benedito, a crítica tem fundamento, pois historicamente o campo progressista evita o embate direto sobre endurecimento penal - discurso que a direita maneja com naturalidade.
Episódios de Violência Expõem Fragilidades
Nos últimos meses, episódios de violência extrema em estados governados pela esquerda expuseram fragilidades concretas:
- Na Bahia, especificamente em Salvador, quase vinte facções criminosas disputam território
- No interior do Ceará, vilarejos inteiros foram esvaziados por expulsões forçadas de moradores
- Cenas que remetem, segundo José Benedito, "a práticas da época do cangaço"
Esses fatos, combinados à megaoperação no Rio de Janeiro e às pesquisas que apontam a segurança como prioridade absoluta do eleitor, tornaram o tema incontornável. "A população quer solução para agora", disse o editor. "A esquerda não pode seguir discutindo apenas sob a ótica estrutural quando o caos está diante das pessoas."
Governo Chega Atrasado e Perde Espaço
O principal instrumento do governo para enfrentar o problema, o PL Antifacção, levou seis meses para ficar pronto. Quando finalmente chegou à Câmara dos Deputados, foi atropelado pela articulação da oposição, que assumiu o protagonismo da discussão.
O relator escolhido por Hugo Motta, o bolsonarista Guilherme Derrite, remodelou completamente o texto, renomeou o projeto e incluiu propostas de perfil mais duro - reacendendo o conflito com o Planalto.
A disputa pela paternidade do projeto se intensificou dramaticamente. Em apenas cinco dias, o texto ganhou quatro versões distintas, virou prioridade repentina e, mesmo assim, não avançou: a votação foi adiada para a semana seguinte por falta de acordo.
Risco Eleitoral Direto para 2026
José Benedito avalia que "a eleição já começou". Partidos tentam garantir para si o crédito de eventuais soluções e empurrar para o adversário o desgaste do fracasso. "Ninguém está pensando em 2026? É exatamente o contrário", ironizou o analista.
O governo Lula está "na defensiva" e ainda preso a respostas lentas, tecnocráticas e refratárias ao discurso punitivista que domina o país. O resultado é um desgaste crescente - e previsível.
"A esquerda tem dificuldades históricas nesse tema e vai pagar preço em 2026 se não ajustar o discurso", afirmou José Benedito. Com a economia estável e sem sinais de crise que possam deslocar o foco do eleitor, a segurança seguirá no topo da agenda. E, nesse terreno, a direita está mais preparada. "É um tema incômodo para o governo - mas ele não vai sair de cena."