Presidente do PT critica operação com 120 mortos no Rio e diz que 'Estado falhou'
PT critica mortes em operação no Rio e aponta falha do Estado

O presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), Edinho Silva, fez duras críticas nesta segunda-feira, 1º de dezembro de 2025, à operação de segurança realizada no Rio de Janeiro em outubro, que resultou em mais de 120 mortos nos complexos da Penha e do Alemão. Em declarações públicas, o ex-prefeito de Araraquara afirmou que o Estado falhou e que a sociedade deveria sentir vergonha do ocorrido.

Crítica à política de segurança e falha do Estado

Edinho Silva foi enfático ao comentar a intervenção policial de outubro. Ele afirmou que o Brasil precisa, sim, de uma política de segurança pública, mas que não se pode aplaudir ações com um saldo tão trágico de vidas perdidas. “Isso mostra que o Estado falhou, que o Estado não teve políticas públicas para disputar com o crime organizado adolescentes que foram excluídos de qualquer oportunidade”, declarou.

O líder petista continuou sua crítica, destacando o perfil das vítimas: “Nós deveríamos ter vergonha do que aconteceu, corpos de jovens negros expostos com sinal de falência governamental, da não existência de políticas públicas nos territórios”. Ele também rejeitou o que chamou de discurso hegemônico de uma elite hipócrita, defendendo que o PT deve enfrentar a opinião pública para estar do lado certo da história.

Proposta do PT e reunião no Planalto

As declarações de Edinho Silva ocorrem em um momento sensível. Enquanto ele falava, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reunia no Palácio do Planalto com ministros-chave para debater segurança pública. Estavam presentes o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, e os quatro principais articuladores políticos para 2026: Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), Rui Costa (Casa Civil), Fernando Haddad (Fazenda) e Sidônio Palmeira (Secom).

O tema central é a criação de uma nova força de segurança federal, proposta pelo próprio PT. A ideia é substituir a atual Força Nacional de Segurança Pública pela Guarda Nacional Permanente de Caráter Civil. A proposta, detalhada em cartilha da Fundação Perseu Abramo, descreve uma corporação policial uniformizada, de caráter ostensivo e subordinada diretamente à União, com atuação em todo o território nacional.

Contexto político e avanço no Congresso

A segurança pública se consolidou como a principal preocupação dos brasileiros, segundo pesquisas eleitorais recentes, e será tema central na campanha de 2026, quando Lula buscará um quarto mandato. Neste contexto, duas propostas legislativas devem avançar no Congresso Nacional nesta semana:

  • A PEC da Segurança Pública, que amplia os poderes do governo federal no combate ao crime organizado.
  • O PL Antifacção, aprovado com alterações na Câmara dos Deputados e que agora segue para tramitação no Senado Federal.

O debate, portanto, mistura a crítica às operações com alto número de vítimas, como a do Rio, com a busca por novos modelos institucionais, como a Guarda Nacional, para enfrentar facções como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV). A fala de Edinho Silva joga luz sobre a tensão dentro do próprio governo entre a necessidade de resultados e a defesa de direitos e políticas sociais preventivas.