PEC da Segurança: Motta pressiona, mas resistências ameaçam adiar para 2026
PEC da Segurança pode ser adiada para 2026, dizem parlamentares

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, mantém uma corrida contra o tempo para tentar aprovar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública antes do recesso parlamentar de fim de ano. No entanto, a resistência de setores do Centrão e da base aliada do governo Lula coloca em risco esse cronograma, com a possibilidade real de a apreciação do texto ser empurrada apenas para 2026.

Pressão do presidente e complexidade do texto

Durante um evento em que foi homenageado pelo batalhão Rota da Polícia Militar de São Paulo, Hugo Motta reafirmou publicamente seu compromisso com a pauta. O paraibano sinalizou que o tema será discutido na reunião de líderes marcada para esta terça-feira, 2 de dezembro de 2025. Além disso, ele expressou a esperança de que a medida possa ser debatida na comissão especial já na quinta-feira seguinte.

"Se Deus quiser, antes do final do ano, antes do recesso das festas de final de ano, queremos poder aprovar no plenário da Câmara dos Deputados a PEC da Segurança Pública", declarou Motta. Ele argumentou que a proposta se somaria a outras matérias aprovadas recentemente, demonstrando, em suas palavras, o compromisso da Casa com a construção de um Brasil mais seguro.

Resistências nos bastidores e cenário político adverso

Apesar do discurso público otimista, a realidade nos corredores do Congresso é bastante diferente. Lideranças do Centrão e aliados do governo Lula admitem, em conversas reservadas, que será necessário uma "verdadeira mágica" para que a PEC seja votada e aprovada ainda em 2025.

Os parlamentares ouvidos pela equipe do Radar apontam duas grandes barreiras. A primeira é a própria complexidade do texto, que ainda possui muitas "arestas abertas" e pontos que demandam amplo debate e negociação. A segunda está relacionada ao momento político do presidente da Câmara.

Há uma avaliação de que a falta de pulso de Hugo Motta em momentos-chave de sua gestão, somada à recente iniciativa de se indispor tanto com o PL (Partido Liberal) quanto com o PT (Partido dos Trabalhadores), criou um ambiente político desfavorável. Essa combinação de fatores contribui para o ceticismo generalizado sobre a capacidade de conduzir uma matéria de tamanha envergadura em tempo tão curto.

O que esperar dos próximos passos

O cenário mais provável, conforme as avaliações colhidas, é o de um adiamento. A apreciação da PEC da Segurança Pública deve ficar para o próximo ano, mais precisamente para 2026. O tema será, de fato, colocado em discussão na reunião de líderes, mas a expectativa é que as resistências técnicas e políticas se mostrem grandes demais para serem superadas nas poucas semanas legislativas que restam.

O impasse em torno da PEC ilustra os desafios de governabilidade no Congresso Nacional e a dificuldade de avançar em reformas estruturais, mesmo em áreas consideradas prioritárias, como a segurança pública. A pressão do presidente da Câmara esbarra na complexidade legislativa e nas fragilidades da articulação política, configurando um cenário onde a promessa de votação rápida parece cada vez mais distante da realidade dos bastidores.