O governador Tarcísio de Freitas, do Republicanos, oficializou a nomeação do delegado Osvaldo Nico Gonçalves como novo secretário da Segurança Pública do estado de São Paulo. A decisão foi anunciada nesta semana e representa uma mudança na liderança da pasta estratégica para a segurança dos paulistas.
O novo secretário substitui Guilherme Derrite, que deixou o cargo em novembro para retornar definitivamente à Câmara dos Deputados a partir do dia 1º de dezembro. Derrite, que era relator do Projeto de Lei Antifacção, já havia combinado sua saída com o governador anteriormente.
Trajetória de um policial midiático
Conhecido como "doutor Nico" entre seus colegas de corporação, Osvaldo Nico Gonçalves é um dos rostos mais familiares da polícia paulista. Em 2022, ele havia sido indicado pelo então governador Rodrigo Garcia, do PSDB, como delegado-geral da Polícia Civil do Estado.
Com um perfil bastante midiático, Nico acumula inúmeras participações em programas de televisão e sempre se mostrou acessível aos jornalistas durante investigações. Sua postura abriu caminho para que outros delegados, tradicionalmente mais reservados, também passassem a dar entrevistas e prestar esclarecimentos sobre casos criminais.
Casos emblemáticos na carreira
A trajetória de Osvaldo Nico é marcada por sua atuação em investigações de grande repercussão em São Paulo. Entre os casos mais notórios estão:
- O sequestro da filha do apresentador Silvio Santos em 2001
- O caso de racismo envolvendo o jogador Grafite em 2005
- A prisão do ex-assessor da família Bolsonaro, Fabrício Queiroz, em 2020
O episódio que talvez tenha projetado nacionalmente a imagem do delegado ocorreu em 2005, quando Nico entrou em campo no estádio do Morumbi ao final da partida entre São Paulo e Quilmes pela Copa Libertadores da América. Na ocasião, ele deu voz de prisão ao jogador argentino Leandro Desábato, acusado de injúria racial contra o atacante brasileiro Grafite.
O caso teve repercussão internacional e estampou as capas dos principais jornais do mundo, mostrando o rosto do delegado, que hoje possui 65 anos.
Da sapataria à Secretaria de Segurança
A relação de Osvaldo Nico com a polícia paulista começou ainda na infância. Quando menino, ele trabalhava como engraxate na porta do 17º Distrito Policial do Ipiranga, na Zona Sul de São Paulo. Na época, recebeu incentivo do então delegado-titular da área, Aldo Galiano, que trabalhou 32 anos na Polícia Civil.
Nico ingressou formalmente na Polícia Civil em 1979, como investigador. Antes de assumir o cargo de delegado-geral, era responsável pelo Departamento de Operações Policiais Estratégicas (DOPE) desde 2019.
Sua extensa experiência inclui passagens pela chefia do Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC), do Grupo Armado de Repressão a Roubos (GARRA), do Grupo Especial de Resgate – GER (DEIC) e pela fundação do Grupo de Operações Especiais (GOE) paulista.
O delegado também comandou a segurança de grandes eventos no país, como a visita do Papa em 2007 e a Copa do Mundo de 2014, demonstrando capacidade de gestão em operações de grande escala.
Nos últimos tempos, Nico atuava como secretário-executivo da pasta da Segurança Pública, posição que o preparou para assumir agora o comando máximo da secretaria. Sua nomeação representa a continuidade de um trabalho já em andamento, mas com nova liderança frente aos desafios de segurança do estado mais populoso do Brasil.