
Numa daquelas notícias que aquecem o coração - e trazem alívio num país ainda marcado pelos estragos da pandemia -, a ministra Nísia Trindade fez um anúncio que merece ser comemorado. E olha que não é pouca coisa: estamos falando de uma vacina contra a COVID-19 desenvolvida inteiramente em solo nacional, fruto de uma parceria entre a Universidade Federal do Paraná e a Fiocruz.
Parece até coisa de filme, mas é a nossa realidade. A ministra, com aquela serenidade que lhe é característica, destacou algo fundamental: essa conquista científica representa um golpe duro no negacionismo que ainda insiste em assombrar nosso debate público. É como se a ciência brasileira estivesse dizendo, em alto e bom som: "estamos aqui, produzindo conhecimento de qualidade, salvando vidas".
Mais do que uma vacina, um símbolo
O que muita gente talvez não perceba é que essa vacina vai além da sua função imediata de proteção contra o vírus. Ela se transforma num símbolo poderosíssimo - uma resposta concreta aos que duvidam da capacidade da nossa ciência e da importância das campanhas de imunização.
Nísia foi categórica: "A vacina brasileira tem um significado que ultrapassa a questão imunológica". E como tem razão! Num momento em que ainda vemos movimentos antivacina ganhando espaço, ter um produto nacional de altíssima qualidade é como plantar uma bandeira no campo da razão e da evidência científica.
Como funciona essa maravilha da ciência tupiniquim?
A tecnologia por trás do imunizante é, digamos, bastante esperta. Utiliza partículas semelhantes ao vírus - as tais VLPs - que enganam o sistema imunológico fazendo ele pensar que está sendo infectado, sem nenhum risco real. Genial, não?
E o melhor: essa plataforma tecnológica abre portas para o desenvolvimento de vacinas contra outras doenças. É como se tivéssemos descoberto uma fórmula mágica que pode ser adaptada para diferentes ameaças à saúde pública.
O caminho até aqui
Agora, não foi um passe de mágica. O projeto vem sendo gestado desde 2022, com investimentos que ultrapassam os R$ 1 bilhão. É dinheiro que, ao contrário do que alguns possam pensar, está sendo transformado em conhecimento, em tecnologia, em soberania nacional.
As fases de teste já foram concluídas com sucesso - e isso é particularmente importante porque mostra que nossa capacidade de pesquisa clínica está à altura dos melhores centros internacionais.
Aliás, falando em soberania, a ministra fez questão de ressaltar: "Não podemos ficar reféns de um pensamento negacionista que coloca em risco a saúde da população". Palavras duras, mas necessárias.
E o que vem por aí?
O plano agora é ambicioso, mas totalmente realizável: incorporar essa vacina ao Programa Nacional de Imunizações. Imagina só - ter nossa própria vacina protegendo nossa gente, sem depender de oscilações do mercado internacional ou de interesses geopolíticos.
E tem mais: a tecnologia desenvolvida aqui pode ser um trunfo para enfrentarmos futuras emergências sanitárias. É como se estivéssemos construindo um "arsenal científico" para nos proteger das próximas tempestades.
No fim das contas, essa história toda me faz pensar: quantos talentos brilhantes temos nas nossas universidades e institutos de pesquisa? Quantas soluções para nossos problemas podem estar sendo gestadas nesses laboratórios? Essa vacina é a prova viva de que, quando damos condições para nossa ciência trabalhar, os resultados aparecem - e aparecem com qualidade mundial.
Que venham mais conquistas como essa. O Brasil - e o mundo - agradecem.