A disputa pela presidência da Câmara Municipal de São Paulo em 2026 ganhou um novo capítulo com movimentos que podem definir o resultado antes mesmo da votação, marcada para 15 de dezembro. Dois vereadores do mesmo partido, o União Brasil, Ricardo Teixeira e Rubinho Nunes, brigam pelo cargo, mas um deles já conta com o apoio das duas maiores bancadas da casa.
Alianças que mudam o jogo
O Partido dos Trabalhadores (PT), com oito vereadores, e o MDB, com sete, anunciaram formalmente seu apoio à reeleição do atual presidente, Ricardo Teixeira. Esse apoio maciço representa um duro golpe para a candidatura de Rubinho Nunes, que foi anunciado como o nome oficial do próprio União Brasil para o pleito. A decisão do PT veio acompanhada de fortes críticas a Rubinho Nunes.
Em comunicado, os petistas o acusaram de perseguir o Padre Júlio Lancellotti, apresentar proposta para multar doações de marmitas à população em situação de rua e usar a CPI dos Pancadões para constranger artistas periféricos. O partido classificou o vereador como uma "figura representante da extrema-direita". O apoio do PT, segundo apurou o g1, foi condicionado à manutenção do partido no cargo de 1º secretário, atualmente com Hélio Rodrigues, e a compromissos de maior respeito à bancada e proporcionalidade nas comissões.
Já o MDB, partido do prefeito Ricardo Nunes, justificou o apoio a Teixeira pela "competência, capacidade de articulação e firme compromisso com o bom funcionamento do Legislativo", garantindo continuidade a projetos que fortalecem a gestão municipal.
Cenário desfavorável para Rubinho Nunes
Com o apoio do PT e do MDB, que somam 15 votos, e a perspectiva de adesão de outros partidos, as chances de Rubinho Nunes se tornam remotas. O Partido Liberal (PL), que tem sete vereadores, deve ter seu voto decidido pelo diretório nacional, em negociação conduzida pelo prefeito Ricardo Nunes com o presidente Valdemar da Costa Neto, tendendo a apoiar Teixeira. O PSOL, com seis cadeiras, tradicionalmente lança candidato próprio.
Além disso, partidos menores como Rede, PV, Novo e PSB já sinalizaram apoio a Ricardo Teixeira. Internamente no União Brasil, que tem sete vereadores, o nome de Rubinho Nunes não é unânime. Alguns parlamentares preferem a manutenção de Teixeira, mas não se manifestam publicamente devido ao apoio que Rubinho recebe de Milton Leite, presidente estadual do partido.
Ruptura política e disputa interna
A candidatura de Rubinho Nunes é marcada por um histórico de conflito com o prefeito Ricardo Nunes. Em 2024, o vereador abandonou a campanha de reeleição do prefeito para apoiar Pablo Marçal (PRTB), ato que fez Ricardo Nunes demitir um subprefeito indicado por Rubinho e chamá-lo de "traidor" e "sem caráter". Essa ruptura é um dos motivos pelos quais o prefeito trabalha ativamente pela reeleição de Teixeira.
A indicação de Rubinho Nunes pelo União Brasil é vista por aliados do prefeito como uma manobra de Milton Leite. Inicialmente, o presidente estadual do partido tentou emplacar seu afilhado político, o vereador de primeiro mandato Silvão Leite, mas a ideia foi rejeitada pela base governista por falta de experiência. Rubinho teria sido alçado como candidato para pressionar e tentar enfraquecer Teixeira.
O União Brasil defende que a indicação de Rubinho cumpre um acordo de rodízio na presidência firmado em dezembro de 2024 entre os partidos da base aliada. No entanto, aliados do prefeito alertam que, se o partido insistir em Rubinho, Teixeira pode sair da legenda e disputar a reeleição por outro partido, como o MDB, rompendo o acordo eleitoral do ano passado.
A eleição para a presidência da Câmara Municipal de São Paulo está marcada para o dia 15 de dezembro, antes do recesso parlamentar de fim de ano. O presidente da Casa tem a prerrogativa de definir a pauta de votações, podendo influenciar diretamente a tramitação de projetos de interesse do Executivo municipal.