Paes cede royalties do petróleo a cidades do PL em movimento eleitoral para 2026
Paes faz afago ao PL com dinheiro do petróleo do Rio e Maricá

Em um movimento com claro sabor eleitoral, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), anunciou nesta terça-feira, 2 de dezembro de 2025, um acordo que redistribui parte dos recursos dos royalties do petróleo. A capital fluminense e o município de Maricá vão ceder parte de suas receitas petrolíferas para as cidades de São Gonçalo, Magé e Guapimirim.

Um afago político em ano de pré-campanha

O anúncio foi feito em São Gonçalo, terceiro maior colégio eleitoral do estado do Rio e governado pelo prefeito Capitão Nelson, filiado ao PL, legenda da família Bolsonaro. A cerimônia contou com a presença de Paes, do prefeito de Maricá, Washington Quaquá (PT), dos prefeitos das cidades beneficiadas e, significativamente, do deputado Altineu Côrtes, presidente estadual do PL.

A imagem do grupo, divulgada nas redes sociais, simboliza uma aproximação política estratégica. Paes, provável candidato ao governo do estado em 2026, busca atrair um aliado de peso: o PL, que hoje tem no governador Cláudio Castro uma figura popular e que pode lançar uma candidatura própria. Beneficiar São Gonçalo, reduto eleitoral de Altineu Côrtes e do prefeito Capitão Nelson, é visto como um "belo afago" ao partido.

O fim de uma batalha judicial milionária

A disputa por uma fatia maior dos royalties por parte das três cidades se arrastava na Justiça desde 2022. A batalha enfrentou forte oposição do prefeito de Niterói, Rodrigo Neves (PDT), que argumentava que uma redistribuição causaria uma perda de 11% no orçamento de sua cidade, algo em torno de R$ 1 bilhão.

Em setembro, o Supremo Tribunal Federal (STF) manteve decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), negando o recurso das três cidades e mantendo-as na chamada zona secundária de produção, que recebe valores menores. Niterói saiu vitoriosa da ação.

O acordo anunciado por Paes e Quaquá, no entanto, contorna a decisão judicial. Ele foi firmado de forma extrajudicial e agora será levado ao STF para homologação. O detalhamento dos valores envolvidos não foi divulgado.

Consequências e reverberações no tabuleiro político

A manobra tem impactos imediatos. Por um lado, afasta Paes do ex-aliado Rodrigo Neves, cuja cidade foi a grande prejudicada pela redistribuição acordada. Por outro, abre as portas para uma penetração maior do prefeito carioca em municípios da Região Metropolitana tradicionalmente não alinhados com ele.

Internamente no PL, o movimento alimenta o debate. Enquanto a aliança com Paes é sinalizada pela cúpula estadual, há setores do partido que defendem uma candidatura própria ao governo, aproveitando a popularidade do governador Cláudio Castro. A decisão de Paes de direcionar recursos valiosos do petróleo para bases do PL joga um elemento concreto nessa equação política.

O acordo, portanto, vai muito além de uma simples transferência de recursos. Ele é um movimento calculado no xadrez eleitoral de 2026, utilizando o dinheiro dos royalties como moeda de troca para construir ou fortalecer alianças em um estado onde a geografia política está em reconfiguração.