
A coisa ficou feia, e feia mesmo, na terra da uva e do queijo. A Câmara Municipal de Avaré resolveu botar a mão na massa — ou melhor, na merenda que sumiu — e criou uma Comissão Parlamentar de Inquérito. O objetivo? Tentar desvendar um quebra-cabeça que está tirando o sono de mais de um: para onde foi parar a comida que deveria estar alimentando os alunos da rede pública?
Não é de hoje que o papo corre solto nas portas das escolas e nos grupos de WhatsApp dos pais. Aquele frio na barriga das crianças na hora do recreio, aquele lanche que mais parece uma migalha... a situação, convenhamos, já vinha dando pano pra manga. Mas a gota d'água, aquela que transbordou o copo (vazio, diga-se), foi a contratação de uma empresa, na base da urgência, para tentar tapar um buraco que parecia não ter fundo.
Um Contrato Sob Pressão
Aí é que a porca torce o rabo. A prefeitura, alegando uma emergência de fazer cair o queixo, pulou uma série de trâmites e foi direto ao ponto: contratou uma fornecedora para assumir o fornecimento das merendas. O problema? Bem, ninguém parece conseguir explicar direito como essa empresa foi parar no páreo, muito menos qual foi o critério usado — a não ser, talvez, a pressa.
E quando se mexe com o prato de criança, o barulho é inevitável. A oposição na Câmara agarrou a questão com unhas e dentes, e a CPI já nasce com um clima que mistura desconfiança com uma ponta de esperança de que, finalmente, alguém vai botar as cartas na mesa.
O Que Esperar da Investigação?
A pergunta que não quer calar: foi incompetência, má gestão ou algo pior? Os vereadores prometem vasculhar cada nota fiscal, cada laudo, cada e-mail trocado. Querem reconstituir o caminho da merenda, desde o despacho até a hora de servir. Será que a comida sequer saiu dos caminhões? Desviaram alimento? Ou a questão é mais um caso clássico de planejamento que foi por água abaixo?
Uma coisa é certa: a cidade está de olho. E não é um olhar qualquer, é aquele olhar atravessado de quem cansa de ver o básico falhar. Enquanto os parlamentares se debruçam sobre pilhas de documentos, os refeitórios das escolas seguem como o palco de um drama que nenhuma criança merecia viver.
O desfecho? Ah, isso ainda é um capítulo por escrever. Mas uma lição a gente já aprendeu: subestimar a fome de um aluno e a revolta de uma comunidade é, no mínimo, um erro crasso.