Uma operação da Polícia Federal cumpriu, na manhã desta quarta-feira (3), uma ordem de busca e apreensão emitida pelo ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), na 13ª Vara Federal de Curitiba. O alvo principal da diligência é uma caixa amarela de arquivos que, segundo denúncias, contém cerca de 400 horas de gravações ilegais.
O foco: a caixa amarela e as gravações
Na decisão que autorizou a operação, o ministro Dias Toffoli pediu atenção especial para a apreensão de uma caixa amarela de arquivos. De acordo com informações apuradas pela RPC, afiliada da TV Globo no Paraná, essa caixa seria o repositório das gravações denunciadas pelo ex-deputado estadual Tony Garcia.
Tony Garcia afirma que as gravações, armazenadas em disquetes, abrangem conversas realizadas entre os anos de 2005 e 2021. O conteúdo supostamente inclui diálogos com autoridades, magistrados e governadores. O ex-parlamentar sustenta que tudo foi feito a pedido do então juiz Sergio Moro, como parte de um acordo de colaboração premiada no caso Banestado, no final de 2004.
O histórico das denúncias e a reação de Moro
As acusações públicas de Tony Garcia contra Sergio Moro ganharam força em 2023. Ele declarou que foi obrigado por Moro a gravar ilegalmente políticos, magistrados e autoridades durante o processo de colaboração. O caso Banestado investigava evasão de divisas e lavagem de dinheiro.
Em nota, a defesa do senador Sergio Moro rebateu as acusações. Eles afirmaram não ter tido acesso aos autos do inquérito e classificaram o relato de Tony Garcia como "fantasioso" e "mentiroso". A defesa destacou que não houve irregularidades no processo que condenou Tony Garcia há quase 20 anos e que o senador não tem preocupação com o acesso do STF aos processos que atuou como juiz.
Tony Garcia, por sua vez, classificou a decisão do STF como o desfecho de um "longo e árduo caminho", trilhado com grande custo pessoal e familiar ao longo de 21 anos. Ele aguarda o resultado da busca com a certeza de que os fatos por ele denunciados levarão a condenações criminais.
Amplitude da operação e andamento do caso
Além da famosa caixa amarela, a operação recolheu documentos referentes a 18 processos judiciais diferentes, todos do período entre 2005 e 2014. A ordem judicial também determinou que a secretaria da vara desse suporte necessário para acesso a todos os terminais e computadores.
O ministro Toffoli ordenou a busca em inquéritos policiais, acordos de colaboração premiada com todos os anexos, mídias e caixas de arquivo. A determinação inclui o acesso a todas as ações que envolvam Tony Garcia e outras sete pessoas, em sua maioria doleiros.
O caso avançou em 2024, quando a Procuradoria Geral da República pediu a abertura de um inquérito para investigar as denúncias. O Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), a Justiça Federal do Paraná e o Ministério Público Federal optaram por não se manifestar sobre a operação, citando que o caso está sob sigilo.
A 13ª Vara Federal de Curitiba ficou nacionalmente conhecida por conduzir os processos da Operação Lava Jato, período em que Sergio Moro era o juiz titular da vara.