Justiça retira tornozeleira de ex-vereador Claudinho Serra e dois investigados
Justiça retira tornozeleira de ex-vereador em MS

A Justiça de Mato Grosso do Sul concedeu uma decisão que altera as medidas cautelares de três investigados no âmbito da Operação Tromper, que apura crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e fraude em licitações. O ex-vereador de Campo Grande Claudinho Serra (PSDB), Cleiton Nonato Correia e Carmo Name Júnior tiveram a tornozeleira eletrônica retirada, após autorização da Vara Criminal de Sidrolândia.

Decisão judicial e flexibilização de regras

O magistrado responsável pela revisão das medidas argumentou que o dispositivo de monitoramento já era utilizado há um longo período e que não havia registros recentes de descumprimento das regras ou indícios concretos de risco de fuga que justificassem sua manutenção. A decisão, no entanto, manteve outras obrigações para os três investigados.

Eles continuam proibidos de frequentar bares, devem comparecer mensalmente perante a Justiça e não podem ter contato com testemunhas do processo. A corte também analisou pedidos individuais para ajustes nas restrições, atendendo a necessidades profissionais e pessoais.

Autorizações específicas para trabalho e religião

Cleiton Nonato Correia teve o horário de recolhimento domiciliar noturno estendido até as 22h30. O objetivo foi garantir seu direito de participar de cultos religiosos, respeitando a liberdade de crença. Ele também recebeu permissão para se deslocar até São Gabriel do Oeste (MS) para acompanhar obras de pavimentação.

Claudinho Serra foi autorizado a se deslocar durante o dia para sua fazenda, localizada no município de Anastácio. Em ambos os casos, ficou expressamente proibido pernoitar fora da comarca de Campo Grande, mantendo um controle sobre os deslocamentos dos réus.

Contexto da Operação Tromper

A Operação Tromper teve sua primeira fase deflagrada em maio de 2023, com foco em investigar um suposto esquema de corrupção em Sidrolândia. As apurações revelaram indícios de crimes como peculato (desvio de dinheiro público), falsidade ideológica, fraude em licitações, associação criminosa e sonegação fiscal.

Em julho do mesmo ano, a segunda fase resultou em quatro prisões e cinco mandados de busca e apreensão. O Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) identificou um acordo entre empresas e agentes públicos para fraudar licitações e desviar recursos, com pagamento de propina por informações privilegiadas.

Claudinho Serra, que é genro da ex-prefeita de Sidrolândia Vanda Camilo (PP), teve uma trajetória marcada por idas e vindas à prisão. Ele foi preso em março de 2024, solto em abril para cumprir medidas cautelares, e preso novamente em junho de 2025. O MPMS alegou que novas provas indicavam sua continuidade no esquema criminoso.

Durante sua passagem pelo poder público, Serra foi diretor-presidente da Fundação Municipal de Esportes (Funesp) de Campo Grande entre abril e dezembro de 2021. Posteriormente, assumiu a Secretaria Municipal de Fazenda, Tributação e Gestão Estratégica de Sidrolândia. As investigações apontam que os contratos suspeitos chegaram a envolver cerca de R$ 20 milhões.

O nome da operação, Tromper, vem do francês e significa "enganar", refletindo a natureza das acusações de fraude e corrupção que são o cerne das investigações.