O ex-presidente Jair Bolsonaro continuará preso após uma audiência de custódia realizada neste domingo (23 de novembro de 2025). A juíza auxiliar Luciana Yuki Fugishita Sorrentino homologou o cumprimento do mandado de prisão, constatando que não houve qualquer abuso ou irregularidade por parte dos policiais.
Paranoia por interação medicamentosa
Durante a audiência, Bolsonaro admitiu que mexeu na tornozeleira eletrônica, mas justificou que teve uma certa paranoia de sexta para sábado devido a medicamentos que estava tomando. Segundo o ex-presidente, os remédios receitados por médicos diferentes interagiram de forma inadequada.
Os medicamentos citados foram o anticonvulsivante Pregabalina e o antidepressivo Sertralina. Bolsonaro afirmou que não tinha qualquer intenção de fuga e que não houve rompimento da cinta do equipamento.
Momento de lucidez e comunicação
O ex-presidente declarou que, assim que recuperou a clareza mental, parou de mexer com a solda na tornozeleira eletrônica. De acordo com seu depoimento, por volta de meia-noite ele mexeu no equipamento, mas depois caiu na razão e cessou o uso da solda, comunicando imediatamente os agentes responsáveis por sua custódia.
Bolsonaro confirmou que estava acompanhado de sua filha, seu irmão mais velho e um assessor que dormiam em sua residência, mas nenhum deles testemunhou o uso do ferro de solda.
Vigília e decisões do STF
Sobre a vigília convocada por seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o ex-presidente argumentou que o local fica a setecentos metros de sua casa, não havendo possibilidade de criar tumulto que facilitasse hipotética fuga.
O prazo para a defesa do ex-presidente se manifestar sobre a violação da tornozeleira eletrônica terminou neste domingo às 16h30. Nesta segunda-feira (24), o STF irá analisar a decisão da prisão preventiva de Bolsonaro em sessão virtual extraordinária da Primeira Turma, convocada pelo ministro Flávio Dino.
Bolsonaro foi preso preventivamente pela Polícia Federal no sábado, após determinação do ministro Alexandre de Moraes, que citou eventual risco de fuga diante da tentativa de violar a tornozeleira e da vigília convocada nas proximidades de sua casa.
Condenado a 27 anos e três meses de prisão na ação penal da trama golpista, Bolsonaro e os demais réus podem ter as penas executadas nas próximas semanas, dependendo do resultado dos recursos pendentes.