PL anuncia pausa em aliança com Ciro Gomes no Ceará após ruído de Michelle
PL pausa aliança com Ciro Gomes após ruído com Michelle

O Partido Liberal (PL) decidiu interromper, pelo menos temporariamente, as negociações para uma aliança com o ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PSDB) visando as eleições de 2026 no estado. O anúncio foi feito na tarde desta terça-feira, 2 de dezembro de 2025, após uma reunião de emergência convocada pela cúpula nacional da legenda.

Reunião de emergência e decisão pela pausa

A decisão de "pausar" as conversas ocorreu depois de um desagravo público da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro em relação à aproximação do partido com o político tucano. A reunião crucial foi convocada pelo presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, e contou com a presença de figuras centrais como o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o deputado André Fernandes (PL-CE), presidente estadual do partido, e o secretário-geral, senador Rogério Marinho (PL-RN). Tanto Valdemar quanto Michelle, que também participaram do encontro a portas fechadas, não se pronunciaram aos jornalistas após a conclusão dos trabalhos.

André Fernandes, que vinha sendo o principal articulador da possível aliança com Ciro Gomes com o objetivo de desbancar o PT no Ceará, afirmou que as tratativas tinham sido conduzidas com o aval prévio do ex-presidente Jair Bolsonaro. No entanto, ele declarou acatar a nova determinação da direção nacional. "Estou aqui para dizer que faremos essa composição em conjunto", disse o deputado. "Acato a ordem do Diretório Nacional, do presidente Valdemar e do presidente Bolsonaro que, lá atrás, havia me autorizado a tentar essas articulações. Mas ao que tudo indica, pelo momento, vamos dar uma pausa".

Repercussão e justificativas dentro do partido

O senador Flávio Bolsonaro, que frequentemente atua como porta-voz do pai, Jair Bolsonaro, elogiou publicamente o trabalho de André Fernandes, classificando-o como "a maior liderança do Ceará" e afirmando que ele conta com a "total confiança" do partido. Flávio explicou que o momento agora é de reflexão estratégica. "O André, num gesto de total lealdade, ele foi caminhando nas conversas e agora a gente vai ter que parar pra pensar pra ver qual o projeto mais viável para derrotar o PT naquele estado", afirmou o senador, ressaltando que a pausa é uma questão "específica do estado" do Ceará.

O episódio ocorre poucos dias após Michelle Bolsonaro aparecer publicamente ao lado do senador Eduardo Girão (Novo-CE), em Fortaleza, no domingo, 30 de novembro, durante o lançamento da pré-candidatura dele ao governo cearense. Esse gesto foi amplamente interpretado como um sinal de descontentamento com as tratativas que envolviam Ciro Gomes, um histórico adversário político da família Bolsonaro.

Contexto e entraves na comunicação

Segundo análises internas do partido, a prisão de Jair Bolsonaro é apontada como um dos principais entraves na comunicação e no alinhamento estratégico, criando um ambiente de incerteza que impacta decisões de coalizão. A necessidade de uma reunião de emergência para tratar do assunto no Ceará evidencia a sensibilidade do tema e o peso da opinião de Michelle Bolsonaro no direcionamento político da sigla.

Agora, o PL afirma que vai reavaliar com "cabeça fria" qual a melhor estratégia eleitoral para o estado, mantendo André Fernandes à frente das articulações futuras. A pausa nas negociações com Ciro Gomes deixa em aberto o cenário para as eleições majoritárias no Ceará em 2026, mantendo o objetivo declarado do partido de derrotar o PT, mas sem definir qual será o caminho para alcançá-lo.