Moraes telefona a Messias do STF, mas preferia Pacheco
Moraes telefona a Messias, mas preferia Pacheco no STF

O ministro Alexandre de Moraes nunca escondeu sua preferência pelo nome do ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco para a vaga aberta no Supremo Tribunal Federal, mas surpreendeu ao telefonar recentemente para Jorge Messias, o escolhido pelo presidente Lula para o cargo.

O telefonema estratégico

De acordo com interlocutores de Messias, a ligação foi cordial e serviu para que o magistrado desejasse sucesso ao indicado na difícil busca por apoio político até a sabatina no Senado, marcada para o próximo 10 de dezembro.

Durante a conversa, Messias aproveitou para pedir ajuda a Moraes para demover resistências junto ao Congresso Nacional, especialmente em relação ao presidente do Congresso, senador Davi Alcolumbre.

"A ideia é que ele atue na construção de uma saída política para essa situação momentânea", resumiu uma fonte envolvida na articulação de votos em favor do auxiliar petista.

Resistências no Supremo e no Congresso

Apesar do telefonema, o entorno de Jorge Messias não observou nenhuma atitude concreta de Alexandre de Moraes em benefício do virtual colega de toga. Entre os dez integrantes atuais do STF, apenas Flávio Dino não deu sequer um telefonema de cortesia ao antigo parceiro de governo.

No Supremo, a função de cabos eleitorais mais explícitos ficou a cargo do decano do tribunal, Gilmar Mendes, que também era contrário ao nome do AGU, mas anunciou que entraria em campo em favor da escolha presidencial.

Juntamente com Gilmar, os ministros André Mendonça e Kassio Nunes Marques, dupla de indicados ao Supremo pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, se prontificaram a atuar para demover resistências da ala mais conservadora do Congresso.

O boicote de Alcolumbre e os desafios de Messias

O caminho de Messias rumo ao STF tem sido marcado por percalços idealizados pelo senador Davi Alcolumbre. O chefe do Congresso tinha seu próprio candidato ideal, Rodrigo Pacheco, reclamou de ter sido informado pela imprensa da escolha presidencial e prometeu retaliações nos bastidores.

No governo, um dos principais temores se confirmou: Alcolumbre, cujo poder político cresceu vertiginosamente com a transferência bilionária de recursos públicos para emendas parlamentares, tem pilotado um boicote generalizado ao nome de Messias.

Reconhecido por diferentes interlocutores do governo e do Judiciário como um "resolvedor de problemas", o senador se recusa a conversar ou atender telefonemas tanto do indicado quanto de emissários do Palácio do Planalto desde o anúncio do nome de Jorge Messias.

A poucos dias de ter a indicação colocada à prova no Senado, o advogado-geral mantém a expectativa de contar com o apoio de Alexandre de Moraes, afirmando que mantém certa proximidade com o notório desafeto do clã Bolsonaro e que certamente teria dele, se procurado, um voto público de apoio.