
O clima esquentou no Supremo Tribunal Federal nesta quarta-feira. E não foi por causa do verão brasiliense — mas sim pelo tom contundente do ministro Alexandre de Moraes ao interrogar o advogado de um ex-assessor do governo Bolsonaro.
"Isso aqui não é circo, não é palanque", disparou Moraes, visivelmente irritado, após o defensor tentar justificar a conduta do cliente envolvido no inquérito sobre disseminação de notícias falsas. A voz do magistrado ecoou na sala com uma autoridade que fez até os repórteres mais experientes arregalarem os olhos.
O que deu errado na defesa?
O advogado — cujo nome não foi divulgado — cometeu o que juristas chamam de "erro crasso": insistiu em argumentos já rejeitados anteriormente pelo tribunal. "Meu cliente apenas compartilhava opiniões", alegou, recebendo como resposta um corte seco:
"Opinião é uma coisa, mentira organizada é outra completamente diferente", rebateu Moraes, enquanto ajustava os óculos com um movimento que já virou marca registrada em seus momentos de exasperação.
Os três momentos mais tensos:
- Quando o ministro interrompeu a fala do advogado pela quarta vez
- A comparação com "estratégias de desinformação internacionais"
- O silêncio constrangedor após a pergunta: "Você acha que a Justiça é ingênua?"
Curiosamente, enquanto isso ocorria, grupos pró-Bolsonaro do lado de fora do prédio tentavam — sem sucesso — transformar o episódio em bandeira política. "É perseguição!", gritava um manifestante, ignorando que o próprio ex-presidente já havia sido alvo de investigação semelhante.
Para analistas políticos, o episódio revela mais do que um simples embate jurídico. "Mostra que o STF não vai tolerar tentativas de relativizar ataques à democracia", comentou um constitucionalista que preferiu não se identificar. Já entre os apoiadores do governo anterior, o clima era de frustração — "mais um capítulo na novela que não acaba", resmungou um assessor parlamentar ao sair do plenário.