O presidente Lula está adiando a definição sobre quem assumirá o comando da Advocacia-Geral da União (AGU), segundo informações de aliados próximos. A prioridade imediata do chefe do Executivo é garantir a aprovação do nome de Jorge Messias para o Supremo Tribunal Federal (STF) durante a sabatina no Senado.
Indicação polêmica e reações no Senado
Lula oficializou na última quinta-feira (20) a indicação de Jorge Messias para a vaga aberta no STF com a saída do ministro Luís Roberto Barroso. A decisão, no entanto, contrariou a cúpula do Senado, especialmente o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), que trabalhava pela indicação de Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Desde quinta-feira, Alcolumbre tem demonstrado desconforto com a escolha de Messias e afirmado a interlocutores que trabalhará contra a aprovação do chefe da AGU no Senado. A indicação para vagas no Supremo é prerrogativa da Presidência, mas os nomes precisam ser chancelados por ao menos 41 dos 81 senadores em votação secreta.
Nomes cotados para a AGU e estratégia do governo
De acordo com aliados de Lula, os nomes que circulam nos bastidores como potenciais substitutos de Messias na AGU ainda não foram discutidos pelo presidente. Neste momento, estariam sendo defendidos principalmente por apoiadores dos próprios candidatos.
Entre os cotados estão:
- Flavio Roman (advogado-geral substituto)
- Isadora Cartaxo (secretária-geral de Contencioso)
- Anelize Almeida (procuradora da Fazenda)
- Adriana Venturini (procuradora-geral Federal)
- Clarice Calixto (procuradora-geral da União)
- Manuellita Hermes (procuradora federal)
Aliados apostam em uma solução caseira, com a indicação de quadros da própria AGU. A escolha por uma mulher seria uma maneira de atenuar cobranças após a indicação de mais um homem branco para o Supremo, segundo interlocutores do petista.
Timing estratégico e continuidade na gestão
Os auxiliares de Lula ressaltam que, até a sabatina, Messias seguirá à frente do órgão e, portanto, a discussão sobre seu substituto só será tratada posteriormente. Tratar do assunto agora poderia sinalizar ao Congresso que o governo já considera o nome do advogado-geral aprovado, desconsiderando o diálogo com os parlamentares.
Um interlocutor frequente de Lula não descarta que ele opte pela continuidade na gestão da AGU, citando o nome de Flavio Roman como uma opção segura nesse sentido. Ele avalia que Lula deverá, caso reeleito em 2026, indicar mulheres para o STF e que escolher uma advogada-geral não atenuaria a pressão sobre o petista.
A escolha de Lula ter sido oficializada no Dia da Consciência Negra foi criticada até mesmo por aliados, que avaliam que o movimento deu margem para mais críticas junto à sua base de apoio.
