O presidente Luiz Inácio Lula da Silva realizou um almoço fora da agenda oficial nesta segunda-feira, 1º de dezembro de 2025, com uma figura central no processo de indicação ao Supremo Tribunal Federal (STF). O encontro aconteceu no Palácio do Planalto com o senador Weverton Rocha, relator da nomeação de Jorge Messias na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.
Encontro estratégico no Planalto
A reunião entre Lula e Weverton Rocha, do PDT do Maranhão, ocorreu em um momento de crescente tensão entre o governo federal e a presidência do Senado. O senador é aliado do presidente da Casa, Davi Alcolumbre, com quem o Planalto enfrenta uma crise aberta em relação à indicação do atual advogado-geral da União para a vaga no STF.
Segundo informações apuradas, o pedetista foi surpreendido pela própria escolha para relatar o processo de Messias. A designação partiu de Davi Alcolumbre e do presidente da CCJ, Otto Alencar, do PSD da Bahia. Weverton sequer estava no Brasil quando o anúncio foi feito.
Crise institucional com o Senado
A situação expõe uma disputa de poder que vai além de uma simples indicação. Davi Alcolumbre não apenas se opôs à escolha de Jorge Messias, preferindo o nome do senador Rodrigo Pacheco, como tem atuado ativamente contra a aprovação do indicado. Fontes indicam que o presidente do Senado tem pressionado colegas parlamentares para votarem contra o chefe da AGU.
O conflito chegou a um novo patamar no domingo, 30 de novembro, quando Alcolumbre divulgou uma nota oficial em papel timbrado da presidência do Senado. No comunicado, ele rejeitou qualquer acusação de fisiologismo no processo e deixou claro que não aceitará "interferências" do Poder Executivo.
Um dos pontos de atrito mencionados é a demora do Palácio do Planalto em enviar formalmente ao Senado a mensagem presidencial que oficializa a indicação de Messias ao STF.
O papel do relator e os próximos passos
Em meio a este cenário político complexo, Weverton Rocha tem assumido uma postura conciliadora perante colegas. O relator prometeu fazer "o melhor possível" pela aprovação de Jorge Messias, reconhecendo as circunstâncias políticas adversas que cercam o processo.
O almoço desta segunda-feira no Planalto representa uma tentativa do governo Lula de assegurar um caminho menos turbulento para a indicação na CCJ. A estratégia envolve dialogar diretamente com o relator designado, buscando contornar a resistência aberta da presidência do Senado.
O desfecho desta disputa poderá definir não apenas a composição do Supremo Tribunal Federal, mas também o equilíbrio de forças entre o Executivo e o Legislativo nos próximos anos. A indicação de Messias tornou-se um teste significativo da capacidade de articulação política do governo em um Senado com lideranças opositoras em posições-chave.